A entrevista de Wolfgang Münchau ao «i» de sábado transato foi praticamente ignorada, mas é bem elucidativa de como até um dos principais colunistas do «Financial Times» assume posições que, em Portugal, teriam pleno cabimento no Congresso das Alternativas.
Para ele o segundo resgate não constituirá a panaceia em que alguns apostam uma eventual porta de saída: um resgate não é mais do que um crédito, não reduz a dívida, a única coisa que faz é adiar o problema.
Daí que Münchau considere essencial a redução dessa dívida, mediante um perdão parcial por parte dos credores: a primeira coisa que a zona euro tem de fazer é reconhecer que uma parte da dívida tem de ser eliminada. E isso requer um perdão parcial e a reestruturação da dívida.
Nada de muito diferente do que vozes avisadas como as de Louçã ou de João Galamba vêm propondo.
E Münchau também é muito taxativo quanto à forte probabilidade de saída do euro, pressionada por cidadãos fartos de verem paliativos aplicados a uma realidade carecedora de solução bem mais radical: Não defendo que Portugal deve abandonar o euro, o que defendo é que deve considerar muito bem essa hipótese. O governo português tem de decidir se o país deve falir dentro do euro ou fora do euro.
Porque essa bancarrota parece inevitável Münchau considera pouco inteligente a estratégia de passos coelho ao dissociar-se daqueles junto de quem deveria buscar apoio - os governos grego, espanhol e italiano - para uma frente comum junto da Comissão Europeia de forma a conseguir desta as condições necessárias e suficientes para tornar menos tormentoso o caminho para a recuperação do crescimento económico.
Mas no seu autismo irreversível a coligação só consegue ouvir-se a si mesma e não dá sinais de concluir por aquilo que, interna e externamente, já quase todos os analistas concluíram: esta receita falhou rotundamente e não há forma de, com ela, conseguir resultados daqueles que vão sendo evidenciados pelos indicadores conhecidos...
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