quarta-feira, 11 de setembro de 2013

ARTE: a retrospetiva de Meret Oppenheim em Berlim

Meret Oppenheim é uma das artistas mais surpreendentes do século XX.
Esta surrealista, que tanto prezava as realidades insólitas, os comportamentos desajustados e o humor negro faria cem anos no próximo dia 6 de outubro, se ainda fosse viva. Daí o pretexto para a grande retrospetiva, que o Martin-Gropius-Bau lhe dedica em Berlim até 6 de dezembro.
Nascida em 1913 na capital alemã, a guerra levá-la-ia, com a mãe e com os irmãos para a Suíça, aonde cresceria.
Aos 18 anos parte para Paris onde conhece o grupo surrealista liderado por André Breton, mas que integra outros artistas doravante convertidos em seus amigos e admiradores:  Alberto Giacometti, Marcel Duchamp e Max Ernst.
O característico  interesse dos surrealistas pelos objetos e pelos sonhos seduzem-na incondicionalmente fazendo-a aderir ao novo movimento artístico, tanto mais que ela sabia conjugar eficientemente o conceito, o humor e o acaso em obras provocantes e poéticas.
Em 1936 produz uma das criações mais conhecidas do movimento surrealista: «Déjeuner en fourrure». Trata-se de uma xícara e um pires revestidos de pele de gazela.
Segundo a lenda a ideia para essa peça terá decorrido de uma conversa sua com Picasso e Dora Maar em que estava em causa a representação da sensualidade através do uso de peles de animais e sem recorrer a um modelo feminino. Transformou-se num eloquente exemplo de transformação do material, tornando inutilizável o objeto em si e provocando atração e repulsa, ou seja um certo incómodo pessoal.
Papel fundamental também tivera entretanto Man Ray, que a fotografara em 1934 num conjunto de nus artísticos, que se converterão doravante em obras de referência do artista.
Mais do que outros artistas seus contemporâneos, Meret Oppenheim dedicou toda a vida à experimentação, explorando novos caminhos, rejeitando o que já se fizera e reinventando-se permanentemente.
Cada uma das suas obras é a expressão genuína de pulsões criativas profundas, fruto de sonhos, de jogos, de associações de ideias.
A comissária da exposição de Berlim, Heike Eipeldauer considera Meret Oppenheim como um modelo para várias gerações de mulheres dedicadas às artes plásticas.


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