Estaremos à beira de clarificar os segredos da sepultura de Buda? Contando com os avanços científicos mais recentes este filme quase se transforma num policial em jeito de investigação arqueológica.
Tudo começa na pequena caixa recentemente redescoberta numa prateleira da sede londrina da Sociedade Budista. No interior foram encontradas doze joias que, a crer na respetiva inscrição, fariam parte das relíquias de Buda trazidas à luz do dia em Piprâwâ, na Índia, em 1898.
Ora há mais de cem anos que perdura o mistério em torno desses presumíveis restos mortais de Buda, que teriam sido encontrados pelo colono inglês William Peppe, quando coordenara o trabalho de escavação de uma colina da sua imensa propriedade no norte da Índia e que envolvera dezenas trabalhadores.
Algumas semanas depois uma carta endereçada à Sociedade Budista pelo neto de Peppe conduz o investigador Charles Allen à apreciação de outras joias encontradas na mesma ocasião.
Segundo Neil Peppe, o avô não fazia a mínima ideia do que iria encontrar a vinte metros de profundidade, mas a curiosidade levava-o a imitar o afã de muitos outros arqueólogos amadores, que faziam da descoberta de vestígios do passado uma das suas atividades diletantes mais frequentes.
Um dos documentos na posse de Neil é a fotografia da enorme arca onde se encontraram mais de mil joias de ouro e prata bem como pedras semipreciosas de uma beleza indescritível a acompanharem as cinzas e ossos cuja identificação poderia estar definida na inscrição em sânscrito, que o arqueólogo alemão Anton Fuhrer, que era então a maior autoridade na matéria na Índia, traduziu como afiançando a sua pertença ao próprio Buda.
O problema é que Fuhrer não tardaria a ser desmascarado como tratando-se de um burlão, pelo que o achado foi desacreditado sem se clarificar se Peppe fora vítima do alemão ou se colaborara com ele numa gigantesca fraude.
Para Charles Allen o desafio é o de responder à questão: provirão tais objetos da sepultura de Buda?
Empreende por isso uma longa viagem até Birdpore, aonde se concentram muitos dos principais especialistas na vida do principe indiano de há 2500 anos, que trocara uma vida faustosa pela meditação e pelo aperfeiçoamento do sua identidade espiritual.
Na sua investigação Allen aventa a possibilidade de o chefe espiritual ter sido de facto incinerado na stupa de Piprâwâ e as joias em causa seriam tributos oferecidos pelo grande imperador Ashoka após a sua conversão ao budismo.
A serem provadas, essas hipóteses convergiriam para uma descoberta tão importante quanto a do Santo Sepulcro para os cristãos. E o professor Harry Falk, grande autoridade mundial nas antigas línguas indiana, ajudá-lo-á a comprovar a genuinidade da tradução da inscrição, que levara Fuhrer a atribuir as cinzas e os osssos encontrados a Buda.
No final é fácil concluir que se viu uma história apaixonante, recheada de aventuras, deceções e cujo veredito definitivo fica por fazer.
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