sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

POLÍTICA: uma nova variação do Demo?


Já referenciei aqui o artigo «Austerizados, uni-vos!», de Sandra Monteiro publicado na edição mais recente do «Le Monde Diplomatique».
Voltemos a ele para esclarecermos o que é o regime austeritário em que nos querem obrigar a (sobre)viver:
Para a articulista esse regime é uma engenharia neoliberal, aplicada a Estados colaborantes (ou corrigindo para expressão mais correta: «Estados com governos colaborantes»), que subjuga pelos instrumentos da dívida e que, desta vez, atinge países sem autonomia monetária, com estruturas produtivas frágeis e com padrões de especialização particularmente prejudicados pela inserção numa União Europeia disfuncional e pela pertença a uma moeda forte.
Portugal viu-se assim no centro de uma tempestade perfeita: um governo sem espinha perante os credores internacionais e um país em que a integração europeia significou a impossibilidade de deter meios próprios para estipular as suas próprias regras. O que justifica que comecem a ganhar peso as vozes de quem sempre questionaram essa integração ou de quem, mesmo aceitando-a, sempre rejeitaram os benefícios da moeda única.
Mas o artigo de Sandra Monteiro vai mais longe ao caracterizar este regime como uma nova variante do capitalismo:
É a mais recente mutação do capitalismo que, conseguindo manter intacto o poder e os lucros do sistema financeiro, dá um salto de gigante na capacidade de transferir recursos e rendimentos de quem trabalha para quem especula e se apodera da maior parte da riqueza.
E constata mais adiante: A utilização dos recursos de um país para alimentar o capital financeiro não é compatível com uma economia sustentável. A destruição da sustentabilidade económica do tecido produtivo e dos instrumentos ao dispor do Estado social (da política financeira à provisão pública de serviços de qualidade, universais e gratuitos) não é compatível com uma sociedade igualitária.
Aparentemente os defensores desta forma de capitalismo predador têm muitos trunfos do seu lado - polícias, televisões, parlamento, etc. Mas se até os impérios criados para durarem mil anos ruíram em menos de doze, qual a dúvida quanto ao fim anunciado de tal gente?


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