Para que serve a ficção científica enquanto género? É uma das questões, que se justifica, quando se lê este romance de Úrsula Le Guin, uma das melhores escritoras da literatura norte-americana.
No tempo de Júlio Verne era uma forma expedita de entretenimento popular e de transmitir conhecimentos, mas depressa se converteu numa forma de transmitir - umas vezes mais declaradamente, outras menos - uma mensagem política. Ou até de criar seitas de aparente cariz religioso como é o caso da célebre Cientologia.
Nos tempos da Guerra Fria, houve quem a ela recorresse como forma de transmitir o medo do outro, fosse ele extraterrestre ou monstro surgido da incontrolada necessidade de saber do homem. Os soviéticos podiam aparecer de muitas formas, mas a mais sagaz terá sido a das vagens que, durante o sono, tomavam conta da mente dos indefesos cidadãos.
Mas o género também serviu mensagens de carácter oposto e Ursula Le Guin enquadra-se nessa lógica: «Floresta é o nome do mundo» é uma bela metáfora anticolonialista que, datada de 1972, surge contemporânea do estertor da ditadura portuguesa nos territórios africanos ainda sob a sua alçada. Ou, em alternativa mais pertinente, corresponderá a uma vigorosa condenação da intervenção norte-americana na Indochina e o que nela pode ocorrer, quando um louco alucinado como Davidson não é travado e acaba por acelerar um processo já em si a tender para o fracasso...
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