sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

POLÍTICA: para acabar de uma vez por todas com a isabel jonet


«Para Acabar de uma Vez por todas com a Cultura» é um dos livros mais conhecidos de Woody Allen, que nele aproveita para fazer um ajuste de contas com um conjunto de assuntos incómodos de que vale a pena livrar-se de uma vez por todas.
Não me lembro de melhor citação para acabar de uma vez por todas com a isabel jonet, cuja relevância pública tem sido tanta nos últimos tempos, que mereceu quase uma hora de debate entre Pacheco Pereira, Lobo Xavier e António Costa na edição de hoje de «A Quadratura do Círculo».
Para esgotar de vez o assunto ficam aqui algumas notas finais resultantes desse debate e do que ele em mim suscitou:
1. No Livro de Mateus a Bíblia é muito explicita em relação à caridade, quando um dos seus versículos reza assim: «quando deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a direita». Ora a permanente atividade de autopromoção da responsável pelo Banco de Alimentar, enquanto benfeitora-mor de tal instituição é, de facto, muito pouco bíblica!
2. Quando prefere a caridade à solidariedade social, ela esquece-se que os necessitados são explicitamente humilhados no primeiro caso, enquanto, pelo contrário, o recebimento de apoios do Estado configuram direitos legítimos de cidadania. Num caso lesa-se a autoestima de quem já está em estado de emergência pessoal, no outro dignifica-se-o através do respeito enquanto cidadão em pleno uso dos seus direitos e garantias;
3. Mas, quando a caridade tem a ver com o facto de, segundo isabel jonet, significar mais «amor», cabe-nos interrogar o que temos a ver com os problemas amorosos da referida senhora e o que ela pretenderá sublimar por essa via?
4. Quando o Estado se exime de cumprir o legítimo direito das pessoas a terem uma vida digna, tratando-os como oportunistas sempre prontas a usufruírem mordomias à sua custa - a receberem «benesses», como lembrou António Costa - pretende fazer esquecer que as pessoas descontaram verbas enquanto trabalharam para usufruírem do direito a serem apoiadas quando desempregadas ou de receberem pensões, quando reformadas. Através dos seus descontos elas deram-lhes por antecipação as verbas, que têm depois todo o direito de receberem de volta!
5. Através das suas inacreditáveis afirmações, a referida personalidade está a cumprir o papel de batedora de uma ideologia deste Governo, que manda preferir a lógica assistencialista à socialmente solidária. Ela desempenha um papel político, de que não se pode de forma alguma inocentar.
6. E, a concluir, embora o programa não tivesse abordado a questão, seria bom saber-se quantos por cento os belmiros e os soaresdossantos faturam a mais nos fins-de-semana em que há campanhas do Banco Alimentar. É que se os beneficiários da instituição ganham alguns alimentos, os acionistas dos hipermercados auferem significativos rendimentos. Quem perde nesse jogo de aparente ganho-ganho? Obviamente a tal classe média baixa, que leva com os impostos, a precariedade do emprego e a redução das pensões e ainda é incitada a resolver os problemas de pobreza, que deverá ser o Estado a cuidar de solucionar!
Proferidos os desabafos prometo calar-me sobre a moderna representante do Movimento Nacional Feminino … até ela voltar às suas atoardas. O que, a verificar-se esta sua obsessão pelo vedetismo, não deverá tardar muito!



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