Há sempre a célebre referência de Albert Memmi sobre o facto histórico de se terem contado excelentes anedotas no gueto de Varsóvia, quando as esperanças de escapar ao terrível cerco das forças nazis eram quase nulas: «O desesperado, quando não tem outra solução, ri!»
Não é que não tenhamos outras soluções para a desesperança que reina à nossa volta, mas rir é sempre um bom remédio. Sobretudo, quando suscitado por quem tem inteligência para provocar o sorriso a partir da ironia subtil, como é o caso da prosa de João Quadros no «Negócios» da passada sexta-feira. Comentava ele a propósito das contradições de passos coelho e de vítor gaspar sobre as conclusões do que ocorrera na reunião do Eurogrupo: Facilmente chegamos à conclusão de que, na escola da Comissão Europeia, o melhor aluno fica com as orelhas de burro. Quem vai para o canto escuro somos nós. Virados para a parede para não sabermos o que se passa. É estranho quando os professores tratam o bom aluno como se ele fosse muito pouco inteligente. Será que ele é apenas marrão e obediente?
E, mais adiante, conclui: Portugal está tão preocupado em não ser a Grécia que se esquece de ser Portugal. Tão obcecados em não parecermos os outros, acabamos por não ser ninguém.
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