Nos documentários dedicados a grandes vultos da literatura mundial o objetivo deverá ser sempre o de estimular o correspondente conhecimento. Ver a última cena e ir às prateleiras à procura dos livros do escritor em causa, será prova da eficácia de tal projeto.
Pois bem: «Na Pele de Italo Calvino» o realizador Damian Pettigrew falha rotundamente no alvo. É que, muito embora até conte com um ator bastante parecido com o autor de «As Cidades Invisíveis» despacha em poucos minutos os aspetos mais cruciais da sua biografia: a luta antifascista na Resistência contra a Ocupação alemã, quando tinha 19-20 anos, e a ligação ao Partido Comunista até 1956, em que sai por causa das «revelações» (antiestalinistas) do XX Congresso co PCUS e da intervenção na Hungria.
Depois, toda a preocupação do realizador consiste em dar conta da complexidade da escrita de Calvino, a preocupação com a estrutura dos seus livros, a interligação da narrativa em prosa com uma contínua inspiração poética. A fundamentação para que muitos considerem envolventes tais propostas literárias em que essa obsessão com a arquitetura subjacente à construção do romance acaba por ser um dos tópicos principais da sua intriga.
O filme acaba por servir essencialmente os prosélitos da obra de Calvino, aqueles que já não carecem ser convencidos do merecimento de ser tido como um dos principais autores da literatura mundial no século XX. Quanto aos que não se deixaram ainda seduzir pelo sortilégio da obra, não será «Na Pele de Italo Calvino», que os irá convencer...
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