Fatih Akin é um dos principais realizadores alemães, conhecido por filmes em que surgem personagens errantes à procura da identidade, senão mesmo do amor e da correspondente felicidade.
Apesar de nascido em Hamburgo em 1973, ele mantém a ligação à Turquia donde era natural a família paterna. E foi aí, na aldeia natal do avô situada numa recôndita região, que ele encontrou a inspiração para o seu título mais recente, o documentário «Polluting Paradise».
A história não podia ser mais pertinente nesta época de inaceitável desprezo pelos ecossistemas: pretendendo resolver o problema do lixo de uma comunidade urbana de mais de um milhão de habitantes, as autoridades decidiram eliminar a referida aldeia para instalarem uma lixeira a céu aberto nas minas aí desativadas. Apesar dos protestos e dos alertas de quem antecipava as consequências de tal decisão, o projeto seguiu por diante a partir de 2007. Defendiam-se os decisores com o efeito positivo de tal acumulação de detritos orgânicos, que equivaleriam a prodigiosos adubos para as culturas. Uma mentira em que, singularmente, eles pareciam acreditar!
Claro que o resultado foi uma catástrofe ambiental com os recursos freáticos a serem contaminados em pouco tempo, prejudicando as plantações de chá sobre que assentava a economia local.
Embora os seus títulos anteriores não fossem particularmente significativos quanto a preocupações políticas, Fatih Akin demonstra em «Polluting Paradise» a estupidez do poder, que, mesmo avisado das trágicas consequências dos seus atos, decide seguir em frente.
Algo parecido com o que se passa hoje em dia com o governo de Pedro Passos Coelho...
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