É evidente que, quer pela genialidade, quer pelos pressupostos políticos inerentes à sua obra, Charles Chaplin é o grande realizador de comédias do cinema mudo. Mas Buster Keaton, como se comprova neste «Sherlock Jr.» de 1924, também possuía argumentos suficientes para, quase nove décadas passadas, vermos com maior interesse esta média-metragem de três quartos de hora do que muitas imbecilidades, que toldam os nossos ecrãs horas a fio supostamente com o mesmo propósito de nos fazer rir.
Aqui há uma rapariga que Buster Keaton corteja, mas igualmente pretendida por um rival pouco escrupuloso apostado em afastá-lo de vez. Para isso consegue fazê-lo acusar de roubo do relógio do potencial sogro, motivo suficiente para ele se ver proibido de aproximação à rapariga.
Dado que se trata de um autêntico sonhador a que a atividade de projecionista de cinema mais potencia os desvarios, Buster Keaton adormece logo se imaginando na tela, em ambientes sofisticados e aventureiros aonde tenta recuperar a namorada em enfrentando os perigos da selva ou do deserto.
Claro que, no final, tudo se esclarece e a rapariga fica ao seu alcance. Oportunidade para ele ir olhando para o ecrã do cinema e imitar os gestos galantes com que aí os protagonistas cortejam as suas potenciais namoradas.
Trata-se, pois, da revisitação da personalidade do «homem que nunca sorria» e cuja timidez impedia de conhecer os sucessos dos galãs, que tanto se esforça por imitar!
Sem comentários:
Enviar um comentário