Estamos em 2009, na província de Helmand, no sudoeste do Afeganistão. Um regimento de hussardos dinamarquês chega ao quartel de Armadillo, uma base operacional avançada da Força Internacional de Assistência e Segurança (ISAF) que, desde 2001, pretende estabilizar o país, enfrentando os talibãs.
Para muitos destes jovens voluntários, trata-se da sua primeira missão em cenário de guerra.
Tão só chegados Mads, Daniel e os amigos são convocados para uma operação nas cercanias do quartel para entrarem em contacto com os aldeões afegãos. Mas, mas semanas seguintes, à medida que se intensificam os combates contra um inimigo quase sempre invisível e que os feridos dinamarqueses vão-se sucedendo, tornam-se cada vez mais cínicos, aumentando o fosso com a população supostamente objeto do seu apoio.
Durante seis meses, o realizador acompanhou os recrutas de uma tropa de elite atirada para o conflito afegão. De forma direta, descreve a vida da caserna entre os rituais militares e os filmes pornográficos, a febre dos combates entre o sentido do dever, os sonhos de glória e o medo - estados de alma de jovens guerreiros, que parecem acabados de sair de um jogo de computador, progressivamente acometidos de dúvidas e de sentimentos paranoicos.
Privilegiando uma montagem frenética e uma estética sombria, Janus Metz mostra, de uma forma tremendamente eficaz, a perda de sentido de realidade em determinadas situações limite, nomeadamente quando uma rapariguinha afegã é morta apesar de terem sido respeitados todos os protocolos operacionais.
Entrevistado sobre o seu filme, Metz considera que aprendeu sobretudo sobre o lado mais sombrio do ser humano. Vi até que ponto um homem pode ser violento. Não somente desumanizando todos quantos não tardarão a serem por eles mortos, mas também eles mesmos subitamente confrontados com a possibilidade de levarem por diante o crime. Esse mecanismo é particularmente percetível na cena da emboscada, que deu origem a um inquérito oficial. É a guerra, sabe-se que tais atos podem ser cometidos. Mas vêem-se esses soldados comportarem-se como animais - gritar, rir, saltar para o fosso, ficarem enojados, antes de finalmente conseguirem dar um sentido ao que fizeram.
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