Confesso que nunca li nem contava vir a ler nenhum livro do José Rodrigues dos Santos. Os temas não me interessam, o autor é-me antipático por natureza e os propósitos mercantilistas da escrita impelem-me a não ajudar a arredondar a conta bancária do referido escrevinhador.
O que não imaginava era que ia parar a um seu émulo ao pegar neste livro de Augustin Sanchez Vidal. E quinhentas e trinta páginas depois, posso asseverar que este tipo de literatice não é decididamente a minha onda. Prefiro surfar em literatura de maior substância e em que sinta razões para dar por bem empregues as horas dedicadas a tal labor.
Mas, para que fique saibamos do que falo, aqui fica uma breve resenha do romance.
Temos um início forte: na Plaza Mayor de uma histórica cidade espanhola está o Papa a presidir a uma cerimónia religiosa, quando é acometido de estranho transe em que profere palavras numa língua estranha, ao mesmo tempo que se abre uma enorme cratera no pavimento. Por onde se julga desaparecida a política norte-americana Sara Toledano ali presente para preparar uma próxima cimeira israelo-palestiniana em que a paz poderá ser alcançada.
A partir daí acumulam-se as soluções típicas nestes romances para leitores de aeroporto e de estações ferroviárias: um par de jovens, que muito antipatizam entre si, passarão por aventuras movimentadíssimas, que os atirarão inevitavelmente para os braços um do outro. Existem também dois agentes da autoridade, um bonzinho e ligado ao par de jovens em causa e o outro, chefe da CIA, que é ruim como às cobras e não vê qualquer pejo em utilizar todos os meios para alcançar os seus fins.
Mudamos, entretanto, de época e, como as temáticas esotéricas e afins, estão na moda, temos um prisioneiro da Inquisição a contar à filha as vicissitudes das suas deambulações por todo o Mediterrâneo Oriental enquanto procura pergaminhos capazes de lhe darem a codificação da informação primordial entregue por Deus aos homens na origem do Mundo e perdida depois da ruína da Torre de Babel. Que é o procurado por todos os personagens do tempo presente nas conspirações que criam ou de que são vítimas.
No final os bons são recompensados e os maus castigado e eu reforcei a convicção quanto a nunca vir a ler os livros do locutor da RTP. Para pior já basta assim...
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