sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

POLÍTICA: quando o burlão mitómano não é quem anda por aí a ser denunciado!


Sou dos que gostei de ouvir Baptista da Silva no «Expresso da Meia-Noite». Por momentos a televisão apresentava um alto quadro de uma organização internacional a afirmar desassombradamente aquilo que já é defendido por milhares de economistas, de politólogos e de outros analistas da conjuntura atual.
O que estava em causa não era o conteúdo da mensagem, cada vez mais convertido numa evidência incontestável, mas a qualidade do seu mensageiro.
Viu-se que, afinal, ele não representava quem dizia ter por trás, mas logo cresceu o coro dos que desqualificando-o, logo quiseram desvalorizar o que dizia. E até surgiram exércitos de justiceiros prontos para usarem a lei do faroeste contra o excelente jornalista, que é Nicolau Santos, acusando-o das piores vilanias.
É contra essa chusma de gentalha que Fernanda Câncio se indignou no «Jugular»: No momento em que se legisla para que os portugueses sejam enganados mensalmente no recibo do ordenado, para não perceberem bem o quanto a alteração dos escalões do irs os rouba, encarniçarmo-nos na perseguição de um homem que fez uns cartões falsos e pretendeu ser lá da onu para “aparecer” é o mais perfeito retrato do jornalismo -- e provavelmente do país -- que temos e somos.
Mas, se a jornalista do «Diário de Notícias» reage com pessimismo, Pedro Lains relativiza os efeitos nefastos deste incidente no seu blogue:
Quem está a usar o caso do "impostor" em defesa dos seus próprios argumentos, porventura não se aperceberá o quanto o caso é episódico.
O debate vai prosseguir como dantes, em Portugal e no resto da Europa, reforçando as conclusões que têm sido feitas até aqui, nomeadamente, quanto à necessidade do abrandamento na austeridade, das reestruturações na periferia, e do acentuar da mudança das posições do BCE e da Alemanha.
Há dois anos, aqueles mesmos "sabiam" que bastava cortar nas "gorduras"; depois que a austeridade seria obviamente redentora e expansionista; e em seguida que bastaria aguentar dois anos para se verem os resultados. Agora, tudo isso já é História.
Assim como o caso Baptista da Silva. Claro que não vale acrescentar que o uso desse caso é uma medida da fraqueza da argumentação, pois isso seria usar o mesmo método de discussão. É preferível esperar pelos próximos episódios da solução da crise.
É que está à vista que o verdadeiro burlão mitómano é outro, como o demonstra Sérgio Lavos no «Arrastão»: burlão mitómano Pedro Passos Coelho achou que o espaço mediático estava a ser usurpado por outro burlão de quinta categoria cujas mentiras e invenções não se aproximam sequer do brilho das suas próprias mentiras e decidiu vir uma vez mais insultar a inteligência dos portugueses com uma mensagem no Facebook, mostrando à saciedade uma das suas melhores qualidades: o cinismo. 
É alguém tão insuspeito como Luís Meneses Leitão quem comenta no «Delito de Opinião»:
Ao assistir à comunicação de hoje à noite do Primeiro-Ministro a procurar inspirar os portugueses e incutir otimismo para um ano que vai representar a maior crise de sempre, só me vieram à memória dois episódios.
O primeiro foi a reação da França nos primeiros meses da II Guerra Mundial. O país lançou um slogan que dizia: "Vamos vencer porque somos os mais fortes". Três semanas depois Hitler entrava em Paris.
O segundo foi o célebre ministro da propaganda de Saddam Hussein que garantia estar o Iraque a esmagar as tropas americanas às portas de Bagdad. Ficou conhecido pelo nome de "Ali, o cómico", embora os iraquianos não lhe devam ter achado graça absolutamente nenhuma.
Passos Coelho tem uma atitude semelhante, proclamando que "ainda não podemos declarar vitória sobre a crise, mas estamos hoje muito mais perto de o conseguir", quando o país cada vez mais se enterra. Merece justamente o cognome de Passos, o cómico. O problema é que isto aos portugueses também não dá nenhuma vontade de rir.
E vontade de rir é o que não tem decerto Baptista Bastos, quando, no «Diário de Notícias» também comenta o tipo de pessoa, que é  passos coelho:
‘Quando um primeiro-ministro, este, diz que os reformados já receberam mais do que as verbas por eles descontadas, a frase deixa de constituir uma questão semântica para configurar a mais desprezível vilania. Este homem não é digno de nos representar, em circunstância alguma. Mas ele vai passar, deixando um traço de ignomínia e uma soma de vergonhas morais, a começar pelas suas mentiras, continuando pela sua frondosa incompetência e terminando na leviandade dos juízos. É um subalterno. A voz não lhe pertence, as ideias são de outros.’

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