O filme tornou-se num clássico já que a adaptação de Georges Perec e de Alain Corneau do romance de Jim Thompson não perdeu nada da sua força e crueldade de então. Patrick Dewaere, que se suicidou há trinta anos encontrou nele um dos grandes papeis da sua filmografia.
Ele é Frank que vende roupa de porta em porta e é casado com Jeanne, que lhe confessa já não o querer. Um dia, quando vende o seu último roupão, a cliente propõe-se a pagá-lo com o corpo de Mona, a sobrinha de 16 anos, que força a prostituir-se. Esses dois desgraçados acabam por sentir uma enorme empatia um pelo outro e decidem roubar o dinheiro por ela ganho na véspera.
Conta-se que Dewaere nunca se recompôs do facto de não lhe ter sido atribuído prémio de interpretação em Cannes por este desempenho. Que seria plenamente merecido!
Ele veste totalmente o personagem, com o corpo, o bigode e a alma, saturando o ecrã com a sua mediocridade, desilusão e grandeza do vazio. Tudo nele está perfeito: o olhar, o porte, a volubilidade meio alucinada. O desiderato é tenso, trágico...
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