Nas leituras de hoje vale a pena começar por um blogue, o Arrastão, aonde Sérgio Lavos aborda a patética desautorização a que gaspar se sujeitou por parte dos seus homólogos do Eurogrupo, sobretudo porque põe a tónica em algo que não é tantas vezes referenciado pelos opinadores e comentadores quanto o necessário: a importância de passos, relvas e companhia perdurarem o mais possível no governo para acautelarem os negócios em que contam encher os bolsos logo a seguir.
Diz o bloguista em causa: Fazer os portugueses de parvos tornou-se o passatempo favorito deste Governo. Depois do desmentido do primeiro-ministro sobre as propinas no Secundário e do secretário de Estado dos transportes ter atribuído à fraude a razão de uma quebra de quase 13 milhões de passageiros nos transportes públicos, agora é o impressionante Gaspar a fazer a hermenêutica do PM e do presidente do Eurogrupo, assim como das suas próprias palavras. Um Governo sem rei nem roque, a cumprir o suficiente para Relvas e Coelho orientarem os seus negócios e os dos amigos. Uma comissão liquidatária do país.
Quando um dia olharmos para estes meses com o distanciamento de quem vê à distância um pesadelo, um dos mistérios jamais esclarecidos será o de se saber como terá sido possível aprovar um orçamento contra 99,9% dos que o terão lido e comentado (e só não chega ao pleno porque há sempre a contar com um josé gomes ferreira na Sic Notícias e um camilo lourenço no Negócios).
Têm passado por aqui extratos de artigos nesse sentido, e o do José Vítor Malheiros no «Público» é só mais um para continuar a dar com água mole em pedra dura: O Orçamento de 2013 é mentira. Mas, pior do que ser mentira, é um orçamento de ataque ao povo português. É um orçamento de guerra. Não por ter sido imposto por uma situação de guerra, mas porque é um ato de guerra contra os pobres e a classe média, contra a democracia e a liberdade (de que liberdade goza um desempregado?). É um ato de revanchismo serôdio contra o 25 de Abril. Mais do que um confisco de salários e pensões é um confisco de direitos. É um confisco de democracia. É um ato de guerra civil.
Talvez os 100% se atinjam para o próximo mês, quando, na expressão de Daniel Amaral no «Económico» a reação dos mais distraídos não deixará de acontecer: Deixo aqui uma sugestão ao leitor: relaxe e esteja atento à remuneração de Janeiro. Se, ao ver o que vê, não cair redondo - sorria!
Nessa altura até os mais cordatos críticos de passos coelho deixarão de ter discursos enviesados como o de António Costa, diretor do mesmo jornal: Pedro Passos Coelho está a falhar, porque não se adivinha o que poderá ser o dia seguinte à ‘troika', mesmo com o regresso aos mercados e a independência financeira da nossa economia. Ou melhor, adivinha-se, e por estes movimentos, teme-se o pior.
A revolta assumirá cada vez mais a veemência manifestada por Tomás Vasques no i: Tudo ao contrário, como se a democracia fosse pura batota, o jogo da vermelhinha que circula em feiras e romarias. Estes embustes, deliberados, não podem cair na rotina de uma sociedade democrática, sob pena da Democracia passar a ser, apenas, um pin com a bandeira nacional, colocado na lapela de membros do governo e banqueiros . Quem tanto mentiu, conhecendo a situação, tem de se ir embora. O mais rapidamente possível, para que Portugal, os portugueses e a Democracia voltem a respirar de novo e encontrem outro caminho – o seu caminho.
É claro que a queda deste governo ajudaria à solução, sem porém a conseguir por inteiro. Porque o mal desta política de austeridade tem de ser corrigido com uma alteração a nível europeu. Di-lo José Reis Santos ainda no Económico: "There is no alternative" (TINA) é a ideia-síntese do atual discurso liberal europeu, cujo propósito é tornar inevitável o desmantelamento do Estado Social e implementar modelos teóricos (ultra) liberais que entendem que as sociedades humanas se devem organizar em Estados ‘low cost' de soberania relativa, deixando aos privados, aos mercados internacionais e às suas elites oligarcas a definição e gestão do bem-estar coletivo. (…)
Assim, e infelizmente, resta-nos menosprezar (em certa medida) a politiquice nacional e concentrarmo-nos na promoção de uma coligação progressista europeia que consiga, em 2014, eleger um Presidente da Comissão que definitivamente mande esta TINA às malvas.
Para nosso contentamento os ventos começam a soprar de feição em diversas latitudes, mesmo naquelas em que poderíamos temer mais comprometidas as possibilidades de se acabar com o tal passo atrás e virarmo-nos para dois decisivos saltos em frente. E, a demonstrá-lo nada como acabar esta súmula com a notícia do Público sobre o que se está a passar atualmente no Egipto, em que os islamitas estão a ser contrariados com crescente determinação pelos que exigem um poder laico e democrático: Os manifestantes que se concentraram em torno do palácio presidencial do Egipto, no Cairo, para protestar contra o Presidente Mohamed Morsi, atravessaram as barreiras da polícia, que respondeu com gás lacrimogéneo. O Presidente deixou o palácio e foi para o seu apartamento, enquanto a manifestação continuava.
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