Sempre execrei o discurso demagógico antipolíticos. Recebo muitos mails com discursos escritos ou ilustrados em que os políticos são considerados todos iguais,. Invariavelmente acabam diretamente no caixote de lixo, quando mal os abri e detetei o conteúdo.
Não! De facto os políticos não são todos iguais: entre, de um lado, Dias Loureiro, Duarte Lima, Oliveira e Costa ou Isaltino Morais, sobre quem sobrem poucas dúvidas quanto às estratégias de rápido enriquecimento a partir das suas funções políticas, e, do outro, as centenas de outros antigos ministros, deputados e autarcas, que serviram o país o mais dedicadamente possível, sem acrescentarem um avo aos respetivos bens—e são muitos mais do que se imagina! - a diferença é abissal. Por isso sempre defendi as claras diferenças entre uns e outros.
Mas, dentro da mesma linha de (falta de) cultura de cidadania, o CDS veio agora defender a redução das frotas de automóveis ao serviço dos políticos e a restrição da sua utilização às respetivas funções protocolares. Essa proposta - que vem na linha de outras, que vale a pena evocar, quando o paulinho se agitava nas feiras em nome dos contribuintes (que lhe estão agora agradecidos por tanto bem lhes ter feito!) - procura ir ao encontro da crítica populista, que assenta o bota abaixo dos políticos em nome do luxo, que para eles constitui a utilização de carro de serviço e de motorista! Daqueles, por exemplo, que chegaram de lambreta à tomada de posse e saíram de lá num carro topo de gama...
Lembra Daniel de Oliveira no «Expresso», que pagaria essa «mordomia» em troca de paulo portas não ter comprado os submarinos, que equivalem a um quarto dos quatro mil milhões, que enquanto ministro, se prepara para aprovar em cortes na segurança social, na educação e na saúde.
E, com a sua reconhecida inteligência, contraria tais discursos populistas, apelando a que se olhe para o essencial, sem nos deixarmos distrair pelo acessório:
Que muitos cidadãos, demasiado concentrados no assessório, dediquem as suas energias neste tipo de causas não me espanta e não condeno. Outras são mais complexas e exigem mais informação. Que um partido que por ação ou omissão está a contribuir de forma criminosa para a delapidação dos recursos Estado se dedique a este tipo de flores só aumenta a minha desconfiança.
Os carros topo de gama são um símbolo da forma como alguns políticos veem o lugar que ocupam. Se continuarem a usar o Estado para negócios privados e a tratar com incúria o património público, fazendo-se transportar em carros mais baratos, esta decisão é-me indiferente. O que me interessa que a imagem mais evidente de uma cultura política condenável desaparece se aquilo que ela representa se mantém?
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