Uma das ideias feitas, que os opositores de José Sócrates teimam em repetir até à exaustão, na expectativa de verem coroada a tese goebbelsiana da mentira mil vezes repetida, é a de ser ele o culpado da vinda da troika.
A forma mais expedita de refutar esse argumento é a de se questionar sobre qual será a sua responsabilidade nas crises por que passam a Irlanda, a Grécia ou os bancos espanhóis. Sem falar de todos os países europeus, que dificilmente têm correspondido aos efeitos da arquitetura deficiente do euro e à crise financeira decorrente da falência do Lehman Brothers.
Querer prosseguir na lógica da culpa nacional - a obcecada repetição da tese do despesismo - ou é prova de desonestidade intelectual ou de incurável ignorância.
No primeiro caso temos os economistas, ou seus aprendizes - que enchem o suplemento de Economia do «Expresso» e integram outros paineleiros, que vão de césar das neves ao camilo lourenço, passando pelo inefável josé gomes ferreira - sabedores de quanto são cada vez mais refutadas as suas crenças hayekianas, mas a teimarem em tapar as orelhas ao que diz gente tão respeitável como o são os nobelizados Krugman ou Stieglitz.
Concretizadas na prática as suas receitas austeritárias, os resultados práticos revelaram-se completamente desviados das suas toscas previsões.
No segundo caso temos os “taxistas” de serviço nas redes sociais, que pululam em insultos ao antigo primeiro-ministro, sem conseguirem fundamentar as suas arreigadas convicções. Um exemplo mediático desse atrevimento só explicável pela ignorância é o do diretor do «Inimigo Público», luís pedro nunes, que é capaz de classificar de “trágica” a governação de José Sócrates, mas sem conseguir explicar o porquê.
Em função das emoções extremadas, que suscita, é compreensível que José Sócrates prossiga mais um ano em Paris para se doutorar no prestigiadíssimo Institut de Sciences Politiques. Vencerá definitivamente os que procuram depreciar o seu percurso académico - e que agora esbracejam ridiculamente a quererem menorizar uma das principais universidades europeias, aonde nem pela porta dos fundos conseguiriam entrar! - e dará mais algum tempo para que se clarifique o futuro do Partido Socialista, depois de definitivamente encerrado o cinzentíssimo parêntesis de António José Seguro.
Para quem o julgou politicamente morto, Sócrates ainda terá um longo futuro à sua frente! Porque, dos políticos em atividades, é dos poucos capazes de imitarem Isaac Newton, que dizia-se capaz de ver mais longe por se alçar aos ombros dos gigantes. Os demais já demonstraram uma atávica miopia, que os não deixa vislumbrar nada de focado a escassa distância dos seus longos narizes de mentirosos!
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