quarta-feira, 30 de outubro de 2013

ARTE: os trabalhos em papel de Maryline Pomian

Nunca suspeitaria que seria possível criar tão surpreendentes esculturas a partir do papel utilizado na industria tabaqueira. Mas as obras de Maryline Pomian convenceram-me do potencial dessas mortalhas, um material quase intangível, que obriga a esculpir o próprio ar.
Como considerou a crítica Bertrande Barousky, surgem assim obras gráficas ricas em poesia onde se cruzam sombras com a luz, onde se equilibram os vazios e os volumes, obras de quase ascese e de arquiteta, com ressonâncias oulipianas até pelas condicionantes a que se impõe.
A escultora nascida na prometedora colheita de 1956 (modéstia à parte, é a minha!), deixou-se inspirar pela pop art e pela poesia sufi e começou a trabalhar neste material em 1987, primeiro em pequena escala, e depois em espaços cada vez mais ambiciosos, adequados para a sua preocupação em fazer emergir o invisível.
Numa fase posterior ela dedicou-se a instalações exteriores, de carácter efémero, já que o material por si utilizado desintegra-se facilmente por ação do vento e da chuva. Forma eficaz de concretizar a sua busca em volta do Tempo, quer na sua evanescência, quer infinitude.


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