No nosso sistema solar todos os planetas rodam no mesmo sentido que a estrela em torno da qual gravitam. E situam-se no mesmo disco plano em que ela se situa. E porquê? Porque, inicialmente, há muitos milhões de anos no seio de uma nebulosa, o sol e todos os planetas do seu sistema formaram-se a partir de um disco muito largo de materiais.
Uma vez constituída essa complementaridade entre uma protoestrela e os seus planetas só faltava a ignição daquela. Quando se deu, a transformação foi tão súbita, quanto irreversível!
E essa primeira libertação da fusão do materiais estelares libertou uma tal quantidade de energia, que começou assim a irradiação de luz no espaço de apenas alguns minutos. Foi um processo muito rápido!
Nessa explosão de luz a estrela passará a ser aquilo que será durante toda a sua vida: uma fábrica de produção de elementos químicos.
No mundo em que vivemos, cada átomo foi gerado no seio de uma estrela e compõe-se do mesmo elemento de base. O hidrogénio é o elemento químico mais simples. E é o principal componente de todos os demais elementos.
No interior do sol dois protões ou núcleos de hidrogénio fusionam para formarem hélio. Uma operação, que parece simples, mas apenas possível em condições extremas. É que quando esses protões comportam ambos cargas positivas não se aproximam facilmente. Só com temperaturas e pressões muito elevadas. Ora isso só se verifica na zona mais central do sol, ou seja no seu núcleo interior, que representa mais de metade da sua massa e apenas 2% do seu volume.
Nessa região as temperaturas atingem os 15 milhões de graus centigrados, e os protões colidem uns contra os outros, fusionando-se.
Um protão de hélio tem uma massa inferior à dos quatro de hidrogénio, que se fundiram para o formar. E como Einstein demonstrou, é essa pequena diferença, que corresponde à energia libertada.
Segundo a conhecida fórmula (e = mc2), ela equivale ao produto da massa com o quadrado da velocidade da luz.
Dado o valor da velocidade da luz, mesmo com uma pequena porção de massa, obtém-se uma enorme quantidade de energia. E é essa energia, que alimenta o nosso sol: em cada segundo cinco milhões de toneladas de matéria são nela convertidas no seu centro.
Isso significa que, mesmo contando já com mais de quatro mil milhões de anos de vida, a nossa estrela ainda só gastou metade das suas reservas de hidrogénio.
Ademais, a luz produzida nesse núcleo ainda tem de percorrer meio milhão de quilómetros até chegar à sua superfície. Ora, ela desloca-se muito lentamente: esse núcleo é tão denso, que ela só progride à razão de 1 milímetro por segundo. Precisa assim de 200 mil anos para fazer o trajeto entre o núcleo e a superfície do sol. Em seguida bastam-lhe apenas oito minutos para alcançar a superfície terrestre.
Numa aplicação prática, mesmo que terrível, do que se foi descobrindo sobre os fenómenos termonucleares, que se verificam no sol, a bomba H foi a primeira tentativa humana para os reproduzir utilizando o princípio de comprimir o hidrogénio suficientemente para que liberte uma enorme quantidade de energia. Essa invenção veio comprovar a correspondência entre as teorias científicas elaboradas na primeira metade do século XX e a sua execução prática.
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