quarta-feira, 2 de outubro de 2013

ASTRONOMIA: buscar nas nebulosas distantes a explicação sobre a criação do Sistema Solar

Qual será a potência existente no interior do Sol? Quanta energia é dele libertada?
Os cientistas recorrem a aparelhos muito simples para encontrarem respostas para essas questões através da leitura dos raios solares.
Uma das experiências mais conhecidas relacionadas com esse objetivo foi efetuada pelo astrónomo William Herschel no século XIX. Ele congeminou o que resultaria da observação de um pedaço de gelo com meio centímetro de espessura, que acompanharia no seu processo de liquefação enquanto sujeito à ação dos raios solares.
Conhecendo as propriedades do gelo ele viu nessa experiência a forma mais expedita de quantificar os raios solares, que chegavam ao solo terrestre.
Através da medição do tempo, Herschel considerou possível a medição da potência total do Sol! E calculou-a em 1027 watts, o que se aproxima do que se aferiu como sendo o valor mais provável: 4 x 1026 watts.
O Sol emite uma quantidade quase incalculável de energia. Pudéssemos armazenar a que é libertada num só segundo e ficaríamos com energia suficiente para alimentar as necessidades terrestres durante um milhão de anos.
Mas conhecer a quantidade de energia libertada pelo Sol nada nos diz quanto à forma como ela é gerada.  Até meados do século XX os cientistas não faziam a mínima ideia de como isso sucedia. O funcionamento do Sol era uma verdadeira incógnita.
Como seria alimentado o Sol para desenvolver tamanhas quantidades de energia? Gente muito respeitável sugeriu que pudesse estar a funcionar mediante a queima de carvão!
Hoje poderemos pensar quão ridícula era a sugestão, mas enquadrando-a numa época em que toda a indústria funcionava à base da queima do carvão, concluiremos que até fazia algum sentido.
Mas se o Sol fosse totalmente constituído por carvão as consequências seriam extremamente aborrecidas: em apenas alguns milhares de anos a nossa estrela consumir-se-ia totalmente.  Mas, há duzentos anos, ainda se julgava que a Terra não contava com mais do que precisamente alguns milhares de anos.
Mas, a meio do século XIX, surgiram desenvolvimentos por parte de outro ramo científico, que iria revolucionar o que então se presumia sobre a idade da Terra. Estudando as camadas geológicas de falésias desenhadas pelo tempo, os geólogos concluíram que a idade da Terra excedia tudo quanto até então se pudera imaginar. O que implicaria necessariamente na conclusão de contarmos com o Sol a brilhar durante todos esses milhões de anos!
Ao estudarem os estratos das montanhas e os fósseis aí conservados, os cientistas concluíram que a Terra contava só por si com mil milhões de anos de idade.
Para os astrónomos era inevitável a necessidade de se encontrar outra explicação, que não o carvão, para entender o que estaria a alimentar a energia solar.
Só cerca de cem anos depois é que os cientistas encontraram a resposta nas forças que asseguram a coesão dos átomos e na própria natureza da matéria.
Mas interroguemo-nos quanto à composição do Sol. O que nos obriga a olhar mais aproximadamente para a luz em si.
Quando se faz passar a luz do Sol através de um prisma e a decompomos em diversas cores, vemos que ela não é uniforme: existem zonas mais sombrias. Cada uma das quais corresponde a um elemento químico em particular.
Cada elemento tem a sua série de regras: absorvendo a luz a uma frequência distinta, provocando um escurecimento no espectro solar.
À medida que a luz viaja através do Sol, todos os elementos deixam a sua marca. Assim, quando a luz chega à superfície terrestre, traz consigo toda a fórmula química que constitui o Sol.
Se se amplificar o espectro para lhe conhecer os detalhes vemos todas essas zonas mais escuras. E para saber em que quantidade é que esses elementos estão presentes, mede-se a largura e a espessura dessas zonas.
A constituição química  do Sol assemelhar-se-á então a uma espécie de código de barras. Ferro, magnésio, hélio, mas sobretudo hidrogénio, de que o Sol é constituído em 90%.  O que não admira: o hidrogénio é o elemento mais simples e abundante no Universo.
O segredo do enorme potencial de energia do Sol estaria pois nesse gás. Se observarmos o céu através de um telescópio vemos enormes nuvens de hidrogénio a distâncias colossais: são as nebulosas, que podem estender-se por centenas de anos-luz.
Iluminadas pela intensa radiação de estrelas maciças acabadas de nascer, as nebulosas estão entre as mais claras porções do céu visível.  Constituem verdadeiras fábricas de criação de novas estrelas.
Não admira que muitos dos astrónomos as estudem para compreender como se formam as estrelas.
Estudando várias nebulosas podem-se compreender as diversas fases por que passam as estrelas, quando estão em estado de  germinação.
Tudo começa numa nuvem escura e fria, que vagueia pelo espaço.  Tratam-se de nuvens muito estáveis, porque podem passar-se milhares e milhares de anos sem que nelas nada aconteça. Porque é necessário um detonador para que se acelere o dispositivo de criação de novas estrelas. Pode ser, por exemplo, os efeitos de uma onda de choque resultante da explosão de uma supernova. As ondas de compressão disseminadas em todas as direções por uma estrela acabada de explodir vão ao encontro dessas nuvens de gás, segmentando-as em partes bastante mais densas. É aí que se formam os embriões das estrelas.
O aumento da força de gravidade nuvens mais pequenas atraem ainda mais hidrogénio.  A sua compressão progressiva ao longo de um milhão de anos provocará o seu aumento de temperatura.
A nuvem, por essa altura, ainda não irradia luz, mas não tardará a converter-se numa pequena estrela.  À medida que ela vai rodando, ela vai expulsando um conjunto de materiais, que irão constituir o seu sistema planetário.
Foi exatamente assim, que se formou o nosso sistema solar...


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