Em 2006 Melissa Monteiro esteve em Cuba, quando se verificava uma notória degradação da saúde de Fidel Castro e os boletins médicos davam azo a todo o tipo de especulações.
No Ocidente, os que sempre tinham odiado a Revolução Cubana começaram a pôr garrafas de espumante nos frigoríficos à espera de as beberem à conta do fim do regime. Mas, como Mark Twain já fizera notar, há quem se precipite em declarar mortes anunciadas.
Na época, Melissa constatou como se estava a preparar o futuro sem Fidel, feito de perpetuação da sua influência. Nomeadamente através de uma reforma escolar, que estava a abranger alguns miúdos de 12 anos em quem a câmara da jornalista se focalizou: Cláudia, Osvaldo, Daniel e Carlos Luís viam-se enquadrados por professores oriundos da União dos Jovens Comunistas, formados para transmitirem as ideias socialistas aos mais novos.
No ano seguinte Fidel passou o poder ao irmão, Raul, que avançou com uma abertura social e económica. Os cubanos passaram a poder deslocar-se para fora do país, tornarem-se proprietários dos seus apartamentos e trabalhar por sua conta. Caiu a obrigatoriedade de todos serem funcionários públicos…
Para Melissa Monteiro fazia todo o sentido procurar os quatro miúdos da reportagem de sete anos atrás para verificar se eles se tinham convertido efetivamente em guardas da Revolução, conservando os valores ideológicos então recebidos ou se não teriam resistido aos estímulos da sociedade de consumo.
O resultado é eloquente: aos vinte anos eles continuam a defender a independência do país e o seu modelo económico, mesmo com as alterações introduzidas nos últimos anos. Claudia casou e não trabalha e, dos rapazes, um estuda para vir a ser diplomata, outro é militar e outro tem um negócio por conta própria.
No balanço, a Cuba socialista continua viva e as garrafas tardarão a ser abertas por quem as julgou quase bebidas!
Nota - texto decorrente da reportagem «Les enfants de Fidel, sept ans après» vista no canal ARTE.
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