Ingrid Bergman via-se como um pássaro migrador que, apesar de reconhecida pela indústria cinematográfica de Hollywood com três Óscares, sempre se sentiu atraída pelo desconhecido, pela novidade de novos desafios para a sua vontade de representar.
Durante todo o seu percurso cinematográfico rodou 44 filmes em cinco línguas, sucessivamente em Estocolmo, Hollywood, Roma e Paris.
Mas ela era também uma arquivista meticulosa de todas essas experiências, já que sempre se fizera acompanhar de câmaras fotográficas. Dela e de muitos fotógrafos, que se esforçaram por captar-lhe o máximo de imagens, nomeadamente, quando viveu a sulfurosa história de amor com Roberto Rossellini.
Uma das filhas dessa relação mediática, Isabella, andou a organizar as sete mil fotografias que encontrou nos arquivos fotográficos da progenitora para dar origem ao álbum agora lançado na Alemanha pela editora Schirmer/Mosel.
A questão deixada por tal álbum é a de se saber o que fica para além desse registo de uma vida bem preenchida e que se concluiu em Londres em 1982?
Para além do seu evidente carácter comercial e icónico, que testemunho permitem de uma época definitivamente ultrapassada, mas em que muitos dos valores então equacionados - por exemplo o do direito ao amor em detrimento da fidelidade conjugal, quando encetou a relação com o célebre realizador italiano! - estiveram na origem de toda uma transformação de costumes, que deu origem à sociedade em que agora vivemos?
Mas muitas outras questões podem surgir de uma atriz, que esteve nalguns dos filmes por mim escolhidos para levar para a mirífica ilha deserta. Desde o seu papel em «Casablanca» aos rodados no período da sua relação com Rossellini (sobretudo «Stromboli» e «Viagem em Itália») culminando na bergmaniana «Sonata de Outono» ou no entretenimento puro de «Crime no Oriente Expresso».
Definitivamente, mesmo passados mais de trinta anos sobre o seu desaparecimento, Ingrid Bergman é um rosto que permanece no nosso imaginário.
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