quarta-feira, 3 de abril de 2013

POLÍTICA: Passada a moção de censura, sair ou não sair do euro?


Face ao desastre em que o país vai sendo mergulhado por este (des)governo acabado de sair aparentemente incólume de uma moção de censura, justifica-se a questão de se saber das vantagens ou dos inconvenientes de se sair do euro enquanto solução para sair da crise.
Para alguns economistas, mormente para João Ferreira do Amaral, já há muito deveríamos ter recuperado a nossa plena soberania nessa matéria como forma de, a exemplo da Islândia antes ,ou do Japão atualmente, conseguirmos uma desvalorização suficiente da moeda para tornar atrativas as nossas potenciais exportações.
Para outros a questão tem outra resposta e, nesse aspeto, o artigo publicado por Pedro Nuno Santos no jornal «i» revela-se bastante elucidativo e vai ao encontro daqueles que pensam na inocuidade da outra alternativa já que o tecido económico nacional foi totalmente destruído pela estratégia de passos coelho e de vítor gaspar nestes dois anos para que a capacidade de multiplicação das exportações pudesse crescer com a tendência exponencial, que se revelaria essencial.  Mas atenhamo-nos no texto em causa:
O argumento mais forte que é invocado pelos defensores do abandono do euro é o de que possibilitaria a desvalorização da nossa moeda. Essa desvalorização tornaria os nossos produtos mais baratos no exterior e daí decorreria um forte incentivo para aumentarmos as nossas exportações.
Isto seria verdade se tudo o resto se mantivesse constante. No entanto, a economia não funciona como um sistema fechado. Se é verdade que a desvalorização da moeda tornaria os nossos produtos mais baratos no exterior, também é verdade que tornaria os produtos importados mais caros cá dentro.
Pensemos, por exemplo, no preço dos combustíveis. Numa economia em que os sectores exportadores incorporam um elevado nível de importações, o efeito final no preço do bem exportado seria muito menor do que o que muitos esperariam. Mesmo que alguns desses produtos importados viessem a prazo a ser substituídos por produção nacional, o efeito nos custos da indústria exportadora seria igualmente negativo.
Mas esta não é a única variável que teríamos de acrescentar à nossa análise. A desvalorização da nossa moeda para ter o efeito desejado implicaria que os nossos parceiros comerciais não fizessem o mesmo.
Mas como pode passar pela cabeça de alguém que os únicos a sair do euro e a desvalorizar seríamos nós? O risco de um desmantelamento da zona euro conduzir a uma guerra cambial e ao aprofundamento da guerra comercial já em curso anularia qualquer potencial ganho com a saída do euro. Ficaríamos, assim, reduzidos às duras consequências negativas.’
Parece óbvia a convicção de que o crescimento tão urgente da economia nacional terá de começar pelo do consumo interno e por isso se mostra fundamental o aumento do salário mínimo, a redução do IVA na restauração e outras medidas de apoio à contratação de desempregados, que voltasse a aumentar as contribuições fiscais e para a Segurança Social. Sem esquecer a continuidade na aposta nas energias renováveis, que nestes últimos dias têm alimentado eletricamente o país sem necessidade dos dispendiosos e importados recursos fósseis.
Como dizia Francisco Assis esta tarde na Assembleia, as soluções passam decerto pela política europeia. Mas o papel de um Governo não é o de ficar à espera, que ela  mude no sentido do interesse dos seus cidadãos. Alguém terá de se bater por essa mudança e daí a razão porque a aparente vitória do psd e do cds contra a moção de censura tem o valor da de Pirro. Sem soluções esses partidos só tenderão a  desmascarar-se cada vez mais enquanto integrantes de um governo da confiança da senhora merckel.
Os portugueses esperam dos seus governantes outra condição: a de serem aqueles em quem confiam com a certeza de estarem a pugnar pelos seus direitos e interesses...


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