Agora que o relvas já lá vai, que o Tribunal Constitucional cumpriu o seu papel (embora me tenha desiludido ao manter como aceitável a “contribuição extraordinária”!) e que a teresa dos braços cruzados ainda deve estar a remoer a sua perplexidade, fica a questão: será que da reunião extraordinária do conselho de ministros desta tarde sairá a demissão desejada pela maioria dos portugueses ou a proposta de remodelação pretendida pela maioria dos comentadores televisivos?
No “Diário Económico” Pedro Silva Pereira constata que há gente que acredita em tudo e, certamente, acreditará nisso também. Mas a verdade é que remodelações a sério, não as faz quem quer, fá-las quem pode. Quem é que terá "condições anímicas" para entrar num Governo destes?’
E, na mesma linha, Francisco Assis explica no “Público” porque é notória a insuportável solidão de passos coelho e da sua gente: Para Pedro Passos Coelho e o seu núcleo dirigente mais próximo, a resposta à questão de fundo anteriormente formulada, qual seja a de saber se o nosso sistema político está preparado para enfrentar a presente crise, é absolutamente negativa. Por isso mesmo, propõem, por vezes de forma explícita, noutros momentos de forma envergonhada, uma opção pela rutura com o modelo constitucional existente. Isso isola-os do país.
Mas, no entretanto, o artigo mais interessante destes dias foi o de Manuel Carvalho da Silva no “Jornal de Notícias”, quando explica de forma muito simples, porque deveremos atirar o memorando da troika para o lixo e ponderar noutro caminho, que represente uma alternativa exequível e digna para os interesses dos portugueses. Escreve o antigo secretário-geral da CGTP e atual professor universitário:
Já poucos têm a coragem de chamar ajuda aos empréstimos da troika. Estes empréstimos significaram apenas uma nova dívida que serviu para pagar encargos e parte da dívida velha, tornando-a ainda maior. Foram presentes envenenados. A "ajuda" consubstanciou-se em brutal austeridade que deixou os portugueses mais pobres e em piores condições, até para poderem vir a pagar a dívida. (…)
O que desta "ajuda", deste "resgate", ficará na história é simples: Portugal endividou-se junto das instituições europeias para pagar aos grandes bancos e fundos de investimento europeus. Para que estes não sofressem perdas, a União Europeia (UE) obrigou os cidadãos europeus, e os portugueses em concreto, a endividarem-se.
Resta saber o que irá ser da Europa a muito curto prazo, sobretudo nesta altura em que a divulgação dos detentores de contas em paraísos fiscais poderá servir de ensejo para ir buscar as receitas em falta para retomar uma estratégia de crescimento, que envolva os países do sul. Porque, de outra forma, poderá justificar-se plenamente a saída unilateral do euro.
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