quarta-feira, 10 de abril de 2013

POLÍTICA: E eu que julgava já ter vivido a Revolução a que teria direito!


Entre os textos hoje publicados nos jornais destaco três, que dão bem conta de como estamos na iminência de mudanças significativas no nosso relacionamento com o euro e com as instituições europeias se elas continuarem a ser dominadas pelos entusiásticos seguidores dessa antiga primeira-ministra britânica cuja morte acaba de nos devolver péssimas memórias do que sempre significa uma governação de direita.
Entre a vida com um mínimo de dignidade e de qualidade prometida pelas forças políticas de esquerda e a morte a que é condenado um cada vez maior número de desempregados despojados do direito sequer a uma retribuição de sobrevivência, anunciam-se grandes momentos de exaltação reivindicativa.
Uma das possibilidades cada vez mais consistentes dessas transformações expectáveis será a nossa saída do euro. Muitos dos que tinham considerado absurdas as coriáceas teses de João Ferreira do Amaral - um opositor de sempre a essa opção! - dão-lhe agora razão. Entre eles o Pedro Nuno Santos que tem justificado, amiúde, as vantagens dessa pertença à moeda única e hoje começa a infletir de posição num artigo de opinião no «i»: Tenho sido adversário da saída do euro porque acredito que a austeridade não tem de ser, necessariamente, a consequência de uma união monetária. Defendo, portanto, o fim da austeridade e uma reestruturação significativa da dívida como forma de retirar o país do sufoco em que caiu, sem romper com o euro. No entanto, se isto falhar, se não o conseguirmos dentro da zona euro, a saída poderá passar a ser uma inevitabilidade.
Do mesmo modo, e pegando numa célebre expressão do mesmo deputado, pode justificar-se que aconselhemos os nossos credores a porem-se finos connosco. Porque, na sua notável lucidez, é o próprio Mário Soares quem, no «DN», identifica os sinais do futuro, que se aproxima: Acredito que virá aí, proximamente, um novo ciclo político que acabe com a austeridade que nos tem causado tanto mal. E a verdade é que os Estados compreenderão que não são as troikas que mandam. E que quando não há dinheiro não se paga, como os países da América Latina nos ensinaram. 
Estamos, portanto, no estertor desta estratégia de austeridade a soldo dos credores e dos seus pontas-de-lança nos governos do Norte da Europa. Eles ainda se julgam legitimamente no poder, porque receberam dizem ter recebido votos para tal. Mas a rua já os demitiu como o afirma Baptista Bastos no «DN»: Afiançar que a coligação tem legitimidade para governar é um ardil. O dr. Cavaco sabe, melhor do que ninguém, porque dispõe de informação privilegiada, que a base social do PSD-CDS já não corresponde à que elegeu o Governo, há dois anos. E que o perigo que corremos, como nação e como povo, é iminente: a hecatombe não se compadece com o desejo insano de um grupo tresloucado.
Eu que me julgava privilegiado por em vida já ter assistido a uma Revolução - a do 25 de abril! - não me espantarei com a participação noutra!

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