Na sua crónica semanal para o «Negócios» da semana transata, Baptista Bastos interrogava-se das razões porque paulo portas parece agora tão diferente do político combativo de tempos idos. Aquele que dificilmente aceitaria ser sucessivamente menosprezado por passos coelho, quando este o despromoveu ao classificar gaspar como seu número dois, ou quando se fez por este último acompanhar a Belém no fim de semana subsequente ao acórdão do Tribunal Constitucional. E questiona-se: Que domínio dispõe Passos de Portas, que poder impera, oculto ou astucioso, de forma a silenciar o ex-combativo político? Há algo de enigmático e de nebuloso na circunstância.
Na mesma edição outro cronista, Leonel Moura, aborda um tema com alguma ligação com as dúvidas do autor de «O Secreto Adeus»: o das notícias verdadeiras ou falsas, que se colam a personalidades políticas sem que se venham delas a descolar por força da credibilidade a elas atribuída pelos mais improváveis dos seus apoiantes. Veja-se o péssimo exemplo dado por tantos comunistas e bloquistas, quando se fizeram câmara de eco das notícias inventadas pela direita a respeito de José Sócrates.
Aquilo que deveria ser a ética comunista defendida por Karl Marx, exigiria de cada um dos defensores das suas teses, personalidades impolutas e disponíveis para discutir a política com elevação, baseada na contraposição das ideias, em vez de a pessoalizarem numa lógica mexeriqueira. Algo que os distinguisse da direita como o azeite da água, não os misturando. Porque quanto à ética da direita bem sabemos dos seus minguados escrúpulos em usarem a seu favor todos os argumentos, mesmo baseados em mentiras, para levarem a bom porto os seus propósitos.
Nesse sentido Leonel Moura conclui: o combate político deve ser frontal e, se necessário, agressivo. É a vida das pessoas e o destino das sociedades que estão em causa. Mas a sua redução ao insulto e ao ódio só pode conduzir à degradação cívica e ao embrutecimento. A direita que iniciou este perigoso jogo sofre agora as consequências. Instigar o ódio demagógico e irracional é muito fácil, mas em nada ajuda uma sociedade a evoluir positivamente.
Mas que dizer dessa direita que tem como paladina de referência na Assembleia da República a deputada Teresa Leal Coelho, que se confessou estupefacta perante a decisão. O que leva João Quadros a constatar no mesmo jornal que este é um governo de estupefactos - ficam estúpidos perante os factos.
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