Cerca de 830, o letrado Éginhard decide-se a redigir A Vida de Carlos Magno para relatar a história privada, a vida pública, mas também os feitos heroicos do nosso e excelente rei Carlos falecido em 814.
Trata-se, pois, de uma fonte documental incontornável que, associada a descobertas arqueológicas e a testemunhos de especialistas do período carolíngio, fundamentam um documentário interessante, até porque constituído por diversas reconstituições históricas, sobre um dos mais célebres soberanos medievais, responsável pela fundação de um império, que se estendia dos Pirinéus ao Danúbio e da bota italiana ao mar do Norte.
No primeiro dos três episódios temos o nascimento de Carlos Magno, que ocorreu em 748, filho de Berta e do ambicioso Pepino, o Breve, que conseguira expulsar os merovíngios do trono franco, e não hesitara em alimentar a rivalidade com o seu irmão mais novo Carlomano.
Quando o pai morreu, os dois irmãos herdaram, cada um, a metade do reino, Mas a aliança entre ambos depressa acabou. Mas Carlomano morre aos 20 anos, permitindo a Carlos Magno orientar as suas ambições para a península italiana aonde procura a aliança do papa para combater o rei lombardo Didier. Será, porém, a norte que as suas vitórias ocorrem mais depressa, ao vencer os Saxões.
O segundo episódio começa com o alibi da guerra contra os Saxões pagãos para que Carlos Magno se arrogue da condição de defensor da cristandade.
Em 774, após o longo cerco a Pavia, o rei franco anexa a Lombardia com a bênção do papa.
O seu novo rumo é o da península ibérica para apoiar o emir de Saragoça. Mas conhece, então, a sua primeira derrota militar.
Forçado a passar novamente para lá dos Pirinéus, a sua retaguarda é dizimada pelos vascões na batalha de Roncesvales, que ficou lendária graças à Canção de Rolando.
No terceiro episódio encontramos Carlos Magno a negociar a paz com os Saxões, que continuavam ativos contra o seu domínio. O rei Widukind aceita batizar-se como prova de boa fé.
Confirmando o seu papel de protetor da cristandade face a um soberano pontifício contestado e enfraquecido, Carlos Magno faz-se coroar imperador no dia de Natal de 800, assumindo-se como o soberano mais poderoso do Ocidente.
Nos derradeiros anos do seu reinado ele dedica-se a propósitos culturais: o desenvolvimento de Aix-la– Chapelle, a reforma carolíngia da escrita, a constituição de uma corte de gente letrada. Acaba por morrer em 814, delegando no seu biógrafo Éginhard a tarefa de lhe construir a lenda.
(Canal Arte, dia 20, às 19.45)
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