Juntamente com a Roménia, a Bulgária é o país mais pobre da União Europeia. Em fevereiro o governo conservador decidiu um aumento brutal do preço da eletricidade, o que causou um imediato movimento social dissociado de partidos e de sindicatos, e com uma consequência eficaz: a demissão do primeiro-ministro.
As manifestações espontâneas denunciaram o aumento do custo de vida, os salários e as pensões de reforma miseráveis, a corrupção, o funcionamento mafioso dos partidos políticos. E quem as convocou foram pequenos grupos de cidadãos mobilizados a partir das redes sociais.
Estão marcadas novas eleições para 12 de maio e os contestatários tentam organizar-se para influenciarem o escrutínio. Exigem novos rostos, formas diferentes de representação e esperam estratégias verdadeiramente orientadas para o interesse público.
Convirá estar atento ao que se passa nesse extremo geográfico oposto ao nosso no sul da mesma União Europeia. Porque poderá confirmar-se a ascensão de formas de protesto político sem consistência como a de Beppe Grilo em Itália, ou, pelo contrário, uma resposta ideológica forte como a do Syriza grego.
Em qualquer dos casos a vida não anda fácil para os chamados «partidos do arco da governação» como os nossos políticos de direita gostam de se crismar. Os tempos mudaram, as velhas receitas já não resultam e os povos manifestam crescente impaciência com quem faz da política uma forma de facilitar o agravamento das desigualdades sociais. Um desafio estimulante para os Partidos Socialistas europeus que continuam à procura de um discurso consonante com a dinâmica dos movimentos sociais em que arriscam ficar submersos.
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