segunda-feira, 1 de abril de 2013

TEATRO: «Le Prix Martin» de Eugene Labiche, no Theatre de l´Odéon em Paris


Ferdinand Martin e Agenor Montgommier jogam calmamente às cartas, como de costume. Amigos inseparáveis eles entendem-se na perfeição apesar das suas diferenças: Martin não gosta do seu próprio nome e prefere o de Agenor. No fundo ele entedia-se com a sua vida burguesa, enquanto o amigo usufrui o prestígio do seu uniforme. E claro, ainda subsiste outra diferença de monta: um é casado e o outro não. E este último, mesmo que de má consciência, engana o outro! Ou, pelo menos, enganou-o! Porque, na realidade, Agenor já se livrou da Srª Martin, que era uma amante demasiado impetuosa para o seu gosto e que começava a esgotá-lo!
A história parece banal, mas Labiche, com duas surpresas e três comparsas, não tarda a fazer estoirar a pólvora, fazendo saltar os protagonistas do seu conforto dos salões parisienses para se verem numa luta de morte em plenos Alpes Suíços aonde a pecadora Loïsa aproveita para fugir a eles e apontar os seus fulgores passionais para as florestas do Novo Mundo.
Uma vez mais o génio singular de Labiche, inventor do teatro de vaudeville, consegue conciliar a crítica social e uma teatralidade feita de intrépida rapidez, que muito influenciará o ulterior teatro do absurdo.
Peter Stein é um dos grandes admiradores da obra do autor de quem  já adaptara uma peça enquanto estava na Alemanha.
Agora, aos 76 anos, Stein não consegue trabalhar no seu país, já que a crítica o ostraciza de uma forma assaz violenta. Parecem esquecidos os seus quinze anos à frente do Teatro de Schaubühne de Berlim ou os seis enquanto diretor do Festival de Salzburgo. Por isso exilou-se em San Pancrazio, nas imediações de Roma, aonde se dedica aos seus vinhedos e olivais.
Pouco sociável, Stein confessa apreciar muito mais os ensaios do que a representação da peça. Mas quer esta adaptação atualmente em cena no Odéon de Paris, quer a encenação para o «Don Carlo» de Verdi em Salzburgo no verão, estão a suscitar as expetativas de quem o considera um dos grandes nomes do teatro europeu do nosso tempo.

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