Nos documentários sobre animais fica sempre o dilema de me comover com a triste sorte das presas e dos predadores. Sempre imagino terrível a morte de búfalos ou de jovens elefantes, que começam a ser devorados ainda em vida pelo ataque conjugado de uma família de leões. E cresce a sensação de admiração pela manada de búfalos, quando volta atrás para defender o seu membro mais fraco, que cuida de preservar no meio da manada.
Mas como evitar a inquietação com as imagens da mesma família de leões, quando os búfalos migram para outras zonas da savana, aonde outros machos mantém um férreo controle do respetivo território, e as presas rareiam? Os filhotes começam a morrer, os corpos emagrecem, a extinção da família parece iminente. E é o instinto de sobrevivência, que obriga as leoas a caçarem um elefante jovem, que se afastara imprudentemente da sua manada. Ora, numa inversão de identificação, lá lamentamos a morte do jovem proboscídeo, mesmo sabendo que dependerá dele a salvação dos seus atacantes.
Manifestamente os filmes sobre a Natureza constituem muitas vezes uma boa lição sobre a insensatez do maniqueísmo...
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