Há semanas assim: numas os espetáculos excedem as nossas expectativas, noutras acumulam-se as deceções. A anterior teve essa última característica com alguns filmes do Festival Indie, que não se equipararam em qualidade aos vislumbrados noutros anos, e a este «Amantes Passageiros» do Pedro Almodovar.
Fomos ao engano, porque nos era prometido divertimento inteligente com o regresso aos anos da movida madrilena, quando Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos constituía a súmula de um estado de alma irreverente, prenunciador de um tipo de sociedade em vias de se dissociar de uns quantos valores caducos.
O que encontrámos no novo filme do realizador foi um incómodo exagero nos estereótipos de um certo tipo de comportamento homossexual.
Será que o nosso desagrado teve a ver com preconceitos homofóbicos, que não consigamos iludir?
Não creio. É que até para a comunidade gay, que ainda se encontra a enfrentar tantos combates pela sua aceitação (vide as manifestações francesas contra o casamento e a adoção aprovados pelos governo de François Hollande ou as afirmações ainda recentes do troglodita Lech Walesa!), desconfio nada ajudar este tipo de filmes apostados em alimentar uma imagem tão ridícula dos homossexuais!
Ficamos à espera do regresso de Almodovar a tempos de maior qualidade, como os que nos ofereceu com Tudo Sobre a Minha Mãe ou Fala com Ela, os filmes que mais nos ficam gratamente na memória.
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