terça-feira, 23 de abril de 2013

INDIE 2013: «Museum Hours» de Jem Cohen


Ao quinto dia do Festival Indie a nossa opção foi para o filme exibido na sala 3 do City Alvalade e assinado por um realizador com nome já bem estabelecido no mundo da arte e da museologia: Jem Cohen.
O ponto de partida de «Museum Hours» é o vasto espaço do Kunsthistorisches Art Museum em Viena aonde vamos encontrar um guarda protagonizado por Bobby Sommer, cuja biografia tem mais a ver com a condição de manager de vários grupos rock do que com a de ator, desafio a que aqui se entrega pela primeira vez.
É ele quem nos suscita a empatia para que adotemos um novo tipo de olhar, bastante mais atento, para muitas das obras ali expostas desde as antiguidades egípcias, gregas e romanas, até aos Rembrandts e sobretudo aos Bruegheis, em cujos quadros são espantosos os detalhes que justificam só por si uma ainda mais morosa apreciação.
A esse guarda homossexual, tão interessados nas obras artísticas em si como do comportamento das pessoas face a elas, depressa se associa outra personagem: a canadiana Anne, vinda de além-Atlântico para estar presente nos derradeiros dias de uma prima moribunda. Ela ser-lhe-ia praticamente desconhecida, já que não contactavam desde a infância, mas a convocatória para ali aparecer é o acidente feliz, que a faz descobrir todo um novo mundo até então desconhecido. Completamente perdida numa cidade totalmente desconhecida, ela contará com a ajuda providencial do seu novo amigo, para se guiar quer pela exuberância artística ali exposta, e para as deslocações ao hospital ou para visitar muitos dos locais mais interessantes da cidade.
Num certo sentido temos um conceito similar ao das cidades ilustradas por Woody Allen nos seus filmes mais recentes, mas com a comédia a ser substituída pelo registo semidocumental, em que os jogos de equívocos cómicos são substituídos pelo convite à contemplação.
Se o conceito é interessante, o filme estende-o demasiado, tornando-o amiúde entediante. Se Cohen o tivesse amputado de meia hora, ainda ficaria com a dimensão de longa metragem e teria ganho porventura uma maior vivacidade.
De qualquer forma o filme valeu a deslocação. Porque deu para conhecer um espaço museológico de manifesto interesse e estimular um melhor conhecimento de Brueghel sem esquecer a possibilidade de ver a capital austríaca como um espaço de emoções contidas, de céus sempre cinzentos e de arquitetura pouco interessante.


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