Esta semana no “Diário de Notícias», o escritor Baptista Bastos fazia um curioso exercício de comparação dos rostos destes governantes com o dos governados, não encontrando qualquer similitude entre uns e outros. Porque existe nos primeiros uma aparência de maldade, que contrasta com a tristeza consolidada nos segundos que era referida também pelo encenador Jorge Silva Melo numa entrevista televisiva em que confessava essa ilação a partir do ponto de observação situado numa conhecida confeitaria da Para da Figueira.
Fiquemo-nos, então, com a prosa sempre superlativa do autor de «O Secreto Adeus»: Olho para os rostos destes que nos têm governado e não reconheço neles qualquer semelhança com os nossos rostos comuns. Observem bem: abreviados, ausentes. As sombras que neles poisaram são repintadas de vigílias tétricas em que se arredaram o bater comovido do coração humano e o pulsar da mais escassa ternura. Como conseguem viver nesta miséria de fazer mal, de nos fazer mal? Têm-nos extorquido tudo e ainda querem mais, numa obscura vingança, cujo propósito decidido e inclemente é o de nos tornar infelizes.
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