terça-feira, 2 de abril de 2013

DOCUMENTÁRIO: «Les mamas de Bahamas» de Joanna Michna


Cat Island nada tem a ver com o glamour de Nassau, a capital das Bahamas, que transmite do arquipélago uma imagem idílica e falsa das Caraíbas. O desemprego é uma realidade e a população reduz-se, sobretudo na sua componente masculina, por falta de perspetivas. Os poucos homens, que ficam, cedem à prostração, ao álcool e à sedução das raparigas que, frequentemente cedem com demasiadas ilusões aos seus propósitos e se vêem grávidas ainda adolescentes. E a somar a toda esta situação social de catástrofe somam-se os estragos acumulados pelos sucessivos furacões, que passam anualmente pela zona.
Os tempos áureos de Cat Island ocorreram no século XVIII, quando aí existiam quarenta plantações de algodão, cuja rentabilidade se explicava pelo recurso ao trabalho escravo. Ora, quando a escravatura se tornou ilegal, estavam criadas as condições para a decadência inexorável. Até porque o governo central subsidia o turismo sustentável noutras ilhas e esquece esta que conta, no entanto, com idênticas, senão melhores, condições para esse tipo de projeto.
As mulheres da ilha encontram paliativo na religião. A Igreja Batista dá a ilusão de uma fuga ás dificuldades do dia-a-dia até pela oportunidade de cantarem e dançarem ao som da música gospel. O pastor é o primeiro a reconhecer a falta de sentido de responsabilidade dos homens da ilha, que não trabalham e caem frequentemente na delinquência. O resultado é muitas mães a cuidarem sozinhas dos seus filhos, com recursos financeiros mais do que precários.
Daisy May, uma das mais inconformadas habitantes de Cat Island, vai à ilha vizinha de Long Island para perceber como, em condições semelhantes de decadência, foi possível virar a tendência e recuperar a esperança de dias melhores. Para isso vai visitar o lago aonde mergulhadores de todo o mundo vêm treinar o mergulho em apneia e a grande profundidade. Quando regressa a casa ela sabe que deve pensar num tipo de produto capaz de atrair à ilha nichos de turistas, que ali criem emprego sob a forma de estruturas hoteleiras e de apoio a essas atividades.

Sem comentários:

Enviar um comentário