quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

POLÍTICA: E lá voltamos à questão do «Que Fazer?»

No artigo anteontem inserido no «Público», António Correia de Campos procura responder às críticas dos que se exasperam com a falta de propostas substantivas do Partido Socialista quanto à forma de governar nas presentes condições políticas e económicas.
Essa tem sido a tónica da contestação, que à direita e à esquerda se vem matraqueando para menorizar o principal partido da oposição, numa convergência, que faz lembrar a conseguida na altura da votação do PEC IV: os interesses podem divergir, mas os mesmos argumentos servem na perfeição para que todos quantos não sejam socialistas se sintam naquele típico ambiente que os franceses costumam resumir numa frase: tout le monde il est beau tout le monde il est gentil!
À direita interessa desvalorizar o PS de Seguro, confrontando-o sempre com a falta de alternativas ou de vontade para se vergar a um «acordo», porque se pretende prolongar o mais possível esta oportunidade única de dar cabo do Estado Social.
À esquerda querer-se-á colar o PS aos partidos da coligação em nome do Memorando pelos três assinado, mas que, hoje, só por má-fé se pode considerar como tendo algo a ver com a sua implementação posterior.
E, depois, sobram os comentadores chiques tipo clara ferreira alves, que se julgam tanto mais credíveis quanto mais «independentes» e «objetivos» pareçam, por muito que façam figura de idiotas úteis de quem detém por agora as rédeas da governação.
Por muito que continue a considerar António José Seguro um líder inadequado para o Partido onde milito - e por isso nunca lhe dei o voto nas eleições internas ocorridas desde 2011! - não duvido que tê-lo como primeiro-ministro terá uma benignidade totalmente oposta à da malignidade trazida pela direita nestes dois anos e meio.
Por isso concordo com Correia de Campos quando ele conclui: “Aos que apontam ao PS o “não ter discurso” deve provar-se que o melhor discurso é a denúncia da mentira, do embuste, da mistificação. E para quem desconheça como funciona Passos Coelho, basta atentar no putsch parlamentar que com um referendo cavalgou um laborioso acordo social sobre co-adoção. Se é assim que Passos Coelho trata a maioria parlamentar que o serve, como trataria os portugueses, se estes lhe não derem a resposta devida, em Maio?”
E, para trás, ele elenca alguns dos exemplos, que devem ser exaustivamente referenciados quando alguém tiver a prosápia de elogiar este “milagre” anunciado por passos coelho e os seus comparsas. Não devemos esquecer que temos:
· a mais alta dívida pública de sempre, quase 130%;
· um défice público errático, sempre acima do prometido e só mascarado com a cobrança excecional de dívidas ao fisco e à Segurança Social;
· um desemprego elevadíssimo, estando por esclarecer se a redução dos inscritos nos centros de emprego se deve a emigração de ativos, desistência de procura de trabalho, mais empregos de poucas horas, ou a um louvável esforço de formação profissional;
· um crescimento anémico que não chegará a um quarto do prometido.
· a redução em 28% (quase os 30% da Grécia) do rendimento de funcionários e pensionistas do Estado.
· uma hecatombe no aproveitamento de recursos humanos qualificados, quando o Governo os empurra para a emigração ou quando reduz drasticamente as bolsas para doutoramento e a contratação de pós-doutores.
· mesmo em sectores até aqui protegidos, como a Saúde, o cavername do navio range sob a pressão da redução orçamental, atirando procura excessiva para as urgências, desorganizando equipas por falta de recursos humanos e cortando nos medicamentos inovadores.
Estes sete exemplos podem multiplicar-se em muitos mais, mas bastam para qualquer português reconhecer a dimensão do desastre social para que foi empurrado desde o momento em que as eleições de junho de 2011 possibilitaram o acesso ao pote de gente sem escrúpulos e com uma agenda ideológica bem definida.




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