Fernando Tordo considerou-o um (mau) hábito tipicamente português, mas eu diria tratar-se de característica transversal a muitos outros povos: o de não gostar daquilo que se desconhece. Afinal, o preconceito - e é disso que se trata! - é inerente à espécie humana.
O que já é menos comum é o reconhecimento do muito que com ele se perde. E Tordo fê-lo no «Baseado numa História Verídica» do Canal Q, quando falou de Saramago, lamentando ter tido durante muito tempo a atitude simplista de «não gostar».
No seu caso terá sido a consagração do Nobel a rever essa ideia feita. Mas o preconceito a respeito do autor de «Memorial do Convento» ainda continua muito disseminado na sociedade portuguesa, com gente medíocre a desvalorizá-lo por causa da ideologia, que sempre o norteou. Como é lapidar exemplo o inútil que nos calhou, infelizmente, como presidente desta maltratada República e responsável maior por um dos mais inqualificáveis atos de censura ocorridos em Democracia.
Há também quem reclame sobre a dificuldade de ler Saramago, não arriscando outro tipo de palavreado que não a das revistas cor-de-rosa ou a escrevinhação das rebelos pinto, que poluem os escaparates das livrarias. Razão para a urgência de incrementar políticas educacionais e comunicacionais capazes de contribuírem para que Portugal tenha um povo mais culto e capaz de olhar criticamente para tudo quanto lhe pretendam fazer crer.
O que significa, necessariamente, uma outra forma de governar, que não a desta Direita inculta e mera reprodutora das moribundas ideologias alheias…
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