Tivemos a moção ao Congresso da juventude do cds a propor a redução da escolaridade obrigatória. E a aprovação de um referendo à co-adoção por casais do mesmo sexo por iniciativa da juventude do PSD.
Dois episódios da nossa realidade política, mas que justifica esta questão: o que se está a passar com os jovens, que se alinham politicamente à direita? Como conseguem ser ainda mais retrógrados do que os seus colegas de partida mais velhos? Terão sequer a noção do ridículo em que andam continuamente a incorrer?
É um mistério, que espanta seriamente quem olha à volta e vê quase toda a gente a defender os benefícios da educação e qualificação para todos os cidadãos, dos mais novos aos adultos, por muito que as políticas cratistas pareçam saídas da mesma lógica ideológica que os jovens do cds perfilham. Ou quão universal se está a revelar a retração dos preconceitos homofóbicos ou de outra natureza fraturante, que separava outrora, mais facilmente, as ideologias, já que até muita gente à direita aprova a legitimidade de cada cidadão viver de acordo com as suas opções sexuais e de ter o direito de ser pai natural ou por adoção.
Ambas as juventudes partidárias vão regredindo para a dimensão dos grupúsculos mais radicais, intransigentes e … ignorados pela generalidade dos seus potenciais eleitores.
É certo que o atual cardeal patriarca aproveitou para confirmar a sua dissonância com o tipo de discurso do papa Francisco ao defender a batota agora validada pela direção parlamentar do psd. Uma batota, que recorreu inclusivamente à violação da consciência dos seus próprios deputados ao impor-lhes uma obscena disciplina de voto.
Hoje, a acreditar nos sinais provenientes do Vaticano, até a Igreja Católica andará a rever as vantagens de manter viva a sua sharia em relação ao que costumava ser o seu vitoriano código de valores. E o exemplo da Espanha parecer-lhe-á justificar maior prudência, ao tentar-se fazer a roda da História andar para trás, já que a revisão da lei do aborto será determinante para a anunciada derrota de rajoy e do seu partido popular nas próximas eleições europeias.
Temos pois um conjunto de jovens que, parafraseando um conhecido poema de Ary dos Santos, foram feitos em ceroulas. Que são decerto apreciadores dos terroristas mentais joão césar das neves e gonçalo portocarrero, mas não imaginam quantos desgostos lhes estarão reservados nos próximos anos. Porque existem dinâmicas que nem os mais teimosos dos quixotescos seguidores das falsas dulcineias, conseguem travar!
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