De entre os escritores em atividade nas letras lusas, Mário de Carvalho é o que mais me desafia com o seu riquíssimo léxico e com a imaginação mais exuberante.
Mesmo nos romances em que menos me entusiasmou, existe sempre a frase enriquecida com palavras pouco comuns, que o filiam numa linha ficcional, de que o mestre Aquilino foi celebrado inspirador.
Só que, optando por contextos atemporais, que tanto nos parecem remeter para épocas do passado particularmente estimulantes do ponto de vista literário (a Antiguidade Clássica, a revolução romântica no Império Austro-húngaro), como para indefinições kafkianas, Mário de Carvalho questiona-nos os hábitos e os valores ao remeter os seus personagens para situações amiúde absurdas. São eles que encontramos nos sete contos de «A Liberdade de Pátio», surpreendidos e sem conseguirem explicação racional para muitas das inquietações, que os perturbam.
A realidade aqui apresentada é demasiado complexa para garantir o sucesso da sua abordagem racional.
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