A polémica em torno das praxes arrisca-se a distrair-nos de questões mais importantes como o são os cortes na Educação Pública e na investigação científica. Tanto mais que os principais interessados, os próprios praxadores e praxados constituem os principais adversários de uma conduta civilizada, que se esperaria de quem chegou ao estatuto de universitário.
Mas, independentemente de nuno crato andar a pretender aceder a uma imagem de “respeitabilidade”, que aligeire a sua presente imagem de coveiro dos setores, que tutela - demonstrando o seu interesse por um tema que se tornou mediático - não podemos refrear a associação do ritual da praxe a práticas fascistas, que só podem ser combatidas mediante a sua intensa censura pública. A prazo é necessário que haja cada vez maior número de estudantes a recusarem submeter-se a esses rituais, reduzindo os seus cultores a uma minoria cada vez mais grupuscular.
É que até um confesso defensor dos ideais da direita ideológica (joão miguel tavares) conclui o seu artigo de hoje no “Público” com uma evidência cada vez mais expandida no nosso tecido social por força da tragédia do Meco: “A irresponsabilidade do universitário que aprecia a praxe tem muitos anos e uma razão de ser: a perpetuação de um espírito de casta. Essa espécie de gente começa a praticar a humilhação ao próximo na universidade para depois poder continuar a praticá-la nas Goldman Sachs desta vida, onde a lei do mais forte invariavelmente impera, e é preciso aprender a baixar a cabeça para os que estão em cima e a pisar o pescoço dos que estão em baixo. Porque isto, de facto, anda tudo ligado. Como é da tradição.”
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