O que se pode acrescentar sobre o discurso faccioso de cavaco aos portugueses neste primeiro dia do ano?
Já tudo foi dito sobre a mediocridade atávica do longo percurso político, que ele tem infligido aos portugueses. Por isso não é crível, que ainda houvesse quem dele esperasse o golpe de asa capaz de o dissociar do seu próprio programa ideológico. É que o próprio cavaco teria desejado aplicar grande parte das medidas concertadas com a troika pelo seu amigo catroga, quando chegou a primeiro-ministro na segunda metade dos anos 80. Só que, nessa época, o país tinha um movimento sindical mais forte, uma oposição a sério por parte do Partido Socialista e um contexto internacional ainda marcado pela rivalidade entre o imperialismo norte-americano e o bloco soviético.
Sem nada ter feito para merecer os fundos da CEE, que Mário Soares se esforçara por trazer para o país, cavaco “fez obra” pelo oportunismo de se ter chegado ao pote na altura em que era fácil exibi-la. Mesmo deitando fora setores fundamentais da nossa economia - construção naval, marinha mercante, agricultura - em proveito do betão e das supostas formações financiadas pelo Fundo Social Europeu e em grande parte transformadas em milhentos casos de corrupção para sempre impunes.
O caldo de cultura, que atingiria o seu esplendor com o caso BPN ou o negócio dos submarinos de paulo portas, foi cozinhado precisamente nesses anos de fartar vilanagem para a corte laranja.
Chegados ao primeiro dia de 2014, e apertado por quem se escandaliza por nunca ter sido interrogado sobre essas ligações mais que suspeitas, cavaco foi igual a si mesmo: nunca tendo querido ser o presidente de todos os portugueses, nem o garante de uma Constituição, que tem continuamente abjurado, assume-se plenamente como cúmplice de quem alcançou o poder com o exclusivo propósito de fazer dele a ferramenta utilitária pela qual os ricos enriquecem e os remediados juntam-se à fila desvalida dos mais pobres...
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