sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

POLÍTICA: os ódios de estimação e os falsos sinais de retoma

Começa o ano e temos mais do mesmo: com o alargamento da base de incidência da contribuição extraordinária de solidariedade e o aumento das contribuições dos funcionários públicos para a ADSE, passos coelho mantém a postura de provocação ao Tribunal Constitucional e à Lei Fundamental, que jurou respeitar, e prossegue a sua sanha persecutória aos seus inimigos de estimação. Se paulo portas sempre foi coerente no ataque aos direitos de quem trabalha para o Estado, deveria sentir-se incomodado com o ataque aos reformados e pensionistas de quem, em tempos, se quis fazer provedor. Mas a falta de vergonha já é tanta que para ele, também nesta matéria, o conceito de irrevogabilidade demonstra o que vale.
Não admira, assim, apresentado pelo professor Freitas Magalhães, da Universidade Fernando Pessoa, o estudo Uma Década de Sorriso em Portugal conclua pela acelerada diminuição da frequência dessa expressão facial no rosto dos portugueses analisados em fotografias publicadas na imprensa entre 2003 e 2013.
Temos um povo triste, cabisbaixo. E, como a saúde está diretamente relacionada com essa capacidade de sorrir, podemos considerar que os portugueses estão a sentir-se cada vez mais doentes.
Mas, quem defende este (des) governo dirá com prosápia: não houve um crescimento de mais de 11% na venda de carros do ano passado para este ano? Não representará esse indicador um comprovativo do milagre económico anunciado por pires de lima e reiterado por passos coelho no Natal e por cavaco no Ano Novo?
Bem se podem iludir esses, que por ingenuidade, cinismo ou egoísmo, persistem em defender o indefensável: é que olhando para os números agora divulgados os 105 mil veículos vendidos em 2013 ainda estão muito distantes dos mais de 153 mil de 2011, já na altura qualificado como ano de crise para o setor.
Essa é a realidade de algum do nosso jornalismo: apresentar o copo um pouco cheio, quando o espaço vazio ainda é, e promete continuar a ser, muito maior. Julgarão assim enganar os que, por o sentirem bem nos bolsos, dificilmente estarão abertos a este tipo de manipulação nas notícias.
É crível, porém, que passos coelho se sinta como aquele tipo de jogador de casino, que vê os números da roleta a saírem sempre diferentes daqueles em que apostou, mas acredite numa reviravolta da sorte, como se o exercício do poder dependesse de fatores irracionais. E imagine que a notícia do regresso dos investidores ao mercado para comprarem obrigações dos países periféricos, lhe garanta in extremis uma saída à irlandesa do programa da troika. É que os juros já estão abaixo dos 6%!
Ele parece acreditar que o regresso aos tais mercados propiciaria o tal crescimento, que já imagina existir e o poderia salvar do desiderato por que quase todos esperam! O da regeneração de um país, que tão maltratado tem sido por esta direita ideológica, que deverá ser exemplarmente despejada para o tal caixote do lixo da História!


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