Têm sido muitas as ocasiões pelas quais os portugueses vêm manifestando o seu repúdio pelas políticas de passos coelho e de paulo portas. Sobretudo desde o memorável 15 de setembro de 2012, quando Lisboa encheu de gente vinda de todo o lado e respirou um ambiente a lembrar os dias de abril de setenta e quatro.
No entanto, em subsequentes contestações de rua, há sempre a pergunta: onde está a geração dos que sairam da adolescência e vivem os primeiros anos da vida adulta? Que é feito dessa camada estudantil que, antes e depois da Revolução dos Cravos, era a principal força motriz da exigência de uma vida melhor?
E, concomitante com esta dúvida, surge outra: existem greves de quem trabalha por cada vez menos dinheiro, mas aonde estão as lutas dos filhos desses insatisfeitos, que continuam a viver a realidade de propinas caras e de escassos apoios sociais? Tanto mais que podem adivinhar o que os espera: o desemprego ou a emigração?
A resposta está nos mecos e noutros cenários aparentados, que transformaram as universidades do país em escolas de aceitação servil de todas as humilhações e o respeito pelas hierarquias de quem é poder.
A (in)cultura da praxe e do uso obsceno do traje académico tem toldado as cabeças de uma geração, que prefere o convívio acéfalo e muito líquido das noites do Bairro Alto a pensar na política - essa “chatice” de que foge como diabo da cruz!
Embora as televisões consigam distrair-nos das malfeitorias da coligação da direita com o esquadrinhamento ao pormenor de todas as vertentes mórbidas da tragédia de há um mês atrás, a morte dos seis estudantes de uma universidade privada, sempre noticiada pelos piores motivos, poderá contribuir para se dar o salto civilizacional, que outros países já concretizaram e que tarda em verificar-se em Portugal: o abandono de um ritual, que é desumano, perverso e profundamente violador dos direitos humanos de aplicação universal...
A morte das praxes significará o repúdio por muito do que passos coelho anda a querer implementar!
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