Se pusermos a roda da História a andar para trás, mais precisamente para as vésperas das legislativas de junho de 2011, não é difícil encontrar um conjunto numerosos de testemunhos televisivos de gente a afirmar-se simpatizante de passos coelho por ser «humilde» e «honesto». Depois da matraqueada «arrogância» de José Sócrates, os eleitores pareciam manifestar confiança num político, que lhes surgia com ar de vendedor fiável a quem se compraria um carro em segunda mão.
Tanto mais que prometia não lhes aumentar os impostos, nem cortar nos vencimentos, muito menos despedir funcionários públicos ou fazer qualquer mal aos reformados e pensionistas.
Como não haveriam de o acreditar? Ele parecia tão sincero na boa vontade com que se predispunha a salvar os portugueses de tantos malefícios trazidos pelos socialistas às contas públicas!!!
O primeiro ano de governação já terá feito alguns duvidar da sua ilusão, mas ainda assim toda a cura de austeridade tinha um culpado, vítor gaspar, contra quem «ele não teria força». O mesmo com as notícias cada vez mais frequentes sobre favorecimentos a amigos e conhecidos nas nomeações para empregos públicos, que só poderiam ser assacadas ao vilão miguel relvas, a quem, por razões de «amizade», ele não conseguiria contrariar.
Foi-se o gaspar mais o relvas e o verdadeiro rosto de passos coelho tornou-se cada vez mais difícil de disfarçar. Foi quando começámos a ouvir gente insuspeita - que não imaginaríamos terem-se deixado cair no logro em 2011! - a maldizerem a opção então tomada, quando tinham ido às urnas!
Passados quase três anos sobre as eleições de 2011 temos passos coelho no esplendor da sua perversidade maligna: a convencer-se de ser capaz de fazer passar a mesma imagem de «bom rapaz», sempre disposto a sacrificar-se pelo bem estar dos seus concidadãos.
É verdade que os recibos mais recentes dos vencimentos dos funcionários públicos e dos pensionistas contribuirão grandemente para a sua queda anunciada. Mas outro fator, não menos importante, contribuirá para esse desiderato: a falta de escrúpulos de que dá mostras a cada dia que passa e revelada por casos invariavelmente comprometedores para aquela imagem.
Na sua intervenção desta noite, José Sócrates deu mais um exemplo eloquente de como se vai revelando essa personalidade trapaceira: ao abeirarem-se as autárquicas de setembro de 2013, o governo fez publicar no «Diário da República» a legislação pela qual se passariam a subsidiar as passagens aéreas para as viagens entre Bragança e Lisboa, repondo-se o serviço entretanto suspenso.
Nos comícios organizados pelo PSD nas cidades e vilas transmontanas não faltaram as promessas do regresso desse transporte para muito em breve, tão só a Comissão Europeia desse aprovação à autorização solicitada pelo governo para que tal legislação passasse a ser aplicada.
Interrogado há alguns dias sobre o assunto, passos coelho asseverava não ter ainda avançado com tal solução por continuar à espera da decisão da Comissão Europeia.
Razão porque alguns deputados do Parlamento Europeu quiseram saber quanto tempo faltaria para que a Comissão desse tal autorização, obtendo uma resposta surpreendente: esse pedido anteriormente formulado pelo governo fora retirado … no dia seguinte às eleições autárquicas.
Temos, pois, o exemplo do desaforo a que chega esta coligação: cria uma legislação com meros objetivos eleitorais, que nunca se destinará a ser cumprida. Mas que, durante umas semanas, será referenciada em tantas oportunidades quantas as possíveis para criar expectativas falsas aos eleitores. E, depois, mente-se para prolongar o mais possível a esperança dos que ainda possam acreditar na sua boa vontade.
Numa altura em que a coligação já está em plena campanha eleitoral, este caso, oportunamente denunciado por José Sócrates, deverá ser acompanhado de tantos outros similares, que sirvam para demonstrar aos mais ingénuos o quão ilusórias serão as expectativas, que lhes venham a ser dadas nas próximas semanas. As que faltam até às europeias de 25 de maio...
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