sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

FILME: «Wadjda» de Haifaa al-Mansour

No blogue  este filme de Haifaa Al-Mansour já foi abordado há quase um ano (em 10 de fevereiro), mas tendo em conta o seu carácter abertamente subversivo para com a realidade saudita, vale a pena voltar a dar-lhe atenção até pelo facto de se sucederem as entrevistas com a realizadora nalguns dos mais canais televisivos de todo o mundo. Ademais, não será improvável, que ele seja contemplado com o Óscar para o melhor filme estrangeiro na próxima edição da cerimónia da Academia de Hollywood.
A história é a de uma menina de 10 anos, que vive num subúrbio de Riade e enfrenta, com a sua irreverência, o mundo extremamente conservador do reino saudita.
Após uma discussão com o seu amigo Abdullah ela vê à venda uma bela bicicleta verde. Decidida a vencê-lo numa corrida, decide fazer os possíveis e os impossíveis para a comprar. Só que a sociedade não proíbe apenas as mulheres de conduzirem carros: as bicicletas também são vistas como veículos perigosos só acessíveis aos meninos. Por isso procura convencer a mãe quanto à razão dos seus argumentos. Só que esta já vive na inquietação de ver o marido arranjar uma segunda esposa, para ainda mais lhe desagradar com aquela ideia da filha.
Para a rapariga a alternativa reside em ganhar o prémio pecuniário atribuído ao vencedor de um concurso escolar dedicado à recitação do Alcorão. E por isso vai dedicar-se arduamente ao livro sagrado da sua cultura…
Para rodar o filme - num país onde nem sequer existem cinemas, quanto mais mulheres realizadoras! - Haifaa Al-Mansour teve de dirigir o filme de dentro de uma carrinha e com a ajuda de um walkie talkie.
O resultado poderá não ser brilhante do ponto de vista cinematográfico, mas enquanto revelador de alguém capaz de sonhar e, com isso, fazer o mundo pular e avançar, constitui um exemplo lapidar...



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