quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

FILME: «Lincoln» de Steven Spielberg (2012)

Houve um tempo em que os Republicanos norte-americanos serviam de força motriz à evolução civilizacional, que  a alteração dos meios de produção e a estrutura económica do país exigiam. Na época eram os Democratas quem procuravam impor um travão à dinâmica dos acontecimentos, mediante a tentativa de manterem intocado o sistema de escravatura.
Compreende-se a intenção de Spielberg ao abordar o passado do seu país, século e meio atrás, quando existia uma forte contenda entre a Casa Branca e a Câmara dos Representantes: democrata convicto, ele quis lembrar ao público norte-americano esse passado heroico em que o partido contrário estava em consonância com o sentido da História, longe dos tempos atuais em que se o vê comprometido com a agenda retrógrada do Tea Party. Trata-se, pois, de confrontar os republicanos de hoje com o reflexo das suas pretéritas tradições!
Existe, assim, um aspeto utilitário nesta produção, que visa facilitar o esforço da Administração Obama em levar por diante algumas reformas para as quais os republicanos têm cuidado de semear os mais porfiados bloqueios.
Se dúvidas subsistissem o discurso do Estado da União ontem proferido pelo Presidente no Capitólio ai estaria a reiterar a agudização das diferenças a que se chegou nas terras do tio sam.
Para nós, europeus, que estamos relativamente alheados dessas disputas - muito embora tivéssemos seguido atentamente as mais recentes presidenciais como se nelas também tivéssemos o direito ao voto! -, podemos apreciar o filme de Spielberg na estrita vertente da sua valia cinematográfica. É certo que saímos dele com reações ambivalentes: reconhecemos-lhe a mestria das interpretações e de todas as vertentes técnicas associadas à realização, mas desejaríamos o recurso a algumas elipses capazes de evitarem a sensação de tédio por cenas demasiado alongadas para o que importaria ao fio condutor da intriga.



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