Sempre considerei que as revoluções verificadas nos países do norte de África, e que resultaram na queda de Ben Ali, Moubarak ou Kadhafi foram muito mais que um enorme equívoco. Elas representaram o enorme erro de cálculo do ocidente, manipulado pelas multinacionais do petróleo ou do gás natural, para abandonarem os seus aliados de ontem e possibilitarem a ascensão ao poder de gente com credenciais igualmente pouco democráticas, mas dispostas a possibilitar melhores contratos com aquelas oligarquias das energias fósseis como contraponto à islamização acelerada dessas sociedades.
Que o embaixador norte-americano tenha sido assassinado em Benghazi e as autoridades britânicas acabem de retirar o seu pessoal diplomático é um facto bem revelador de como obama ou david cameron serviram de idiotas úteis aos islamistas, que vão ganhando uma força cada vez mais avassaladora no Magreb.
Ainda assim, incapazes de colherem as lições da História, aí estão eles a pôr em causa mais um regime aonde a separação entre o Estado e a religião era um facto - a Síria de Assad - e se prestam a fornecer aos “rebeldes” as armas que, mais tarde ou mais cedo, se virarão contra os seus cidadãos.
Uma reportagem de David Thompson, Gwenlaouen Le Gouil, Hamdi Tlili e Nicolas Baudry d’Asson para o canal ARTE é eloquente quanto à forma como cresce a importância do movimento salafista na Tunísia.
Hoje são milhares os jovens que reclamam a sua simpatia pelo Ansar al Charia (os adeptos da sharia), uma organização abertamente favorável à jihad, fundada três meses depois da queda de Ben Ali por antigos combatentes do Afeganistão relacionados com a Al Qaeda e, então, saídos da prisão.
Durante oito meses essa equipa de reportagem seguiram os militantes dessa organização na tentativa de ampliarem a sua influência através de “ações de caridade” junto dos mais desfavorecidos e desinformados aliciando-os para a instauração do seu Califado redentor.
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