Julgávamos, que já sabíamos tudo sobre a pesca intensiva e a dura vida dos pescadores dos arrastões oceânicos. Em adolescentes devorámos a epopeia do capitão Achab em perseguição da grande baleia branca, levados pela grande arte narrativa de Melville.
Dos atuns violentamente arpoados em Stromboli de Roberto Rossellini até às enormes vagas criadas em computador por Wolfgang Petersen (A Tempestade) comprovámos que a pesca é, de entre as atividades humanas, uma das mais romanceadas e filmadas.
Mas, Leviathan, realizado por dois artistas e antropólogos de Harvard é algo de nunca visto. Um filme monstro.
Se o título constitui uma referência a Melville, que usa o termo para descrever os grandes cachalotes, retoma aqui o sentido bíblico de um monstro marinho indefinido, impossível de capturar por nenhum aparelho de pesca.
Temos então um documentário experimental a mostrar a brutalidade do trabalho no mar, mas também uma experiência sensorial, um filme artístico e de terror. Trata-se de uma reação física à experiência no mar, que consegue restituir tão fielmente ao misturar as perspetivas dos peixes, das gaivotas, do barco e dos homens, que formam um todo com o oceano...
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