domingo, 26 de maio de 2013

POLÍTICA: É preciso é que queira!

Li hoje que 200 a 250 milhões de pessoas estão a comprar a primeira casa e o primeiro carro na China.
Se ainda acreditasse que reside ali a forma mais avançada de comunismo, diria estar-se a cumprir a expectativa de tantas gerações para quem esse sistema seria a via mais segura para se alcançarem os tais amanhãs, que cantam.
Infelizmente não é assim: poderia lê-lo em tanta coisa que se escreve sobre o país de Mao, mas conto sobretudo com o que ali vi, quando passei meses a fio em Pudong (Xangai) em 1998. Há quinze anos atrás descobri um país com práticas típicas do mais agressivo capitalismo selvagem.
Mas a notícia acima representaria afinal a comprovação da superioridade evidente do sistema de exploração da maioria dos cidadãos pela sua fechada oligarquia, representada no Partido Comunista?
Não nos apressemos em juízos tão extemporâneos: quando o capitalismo ainda tem muito mercado para expandir o crescimento é muito rápido. Só o consumo interno de milhões de chineses basta para empolar os indicadores económicos. 
O pior é quando se atinge um nível crítico de desenvolvimento. Aquele a que nós chegámos por, ingenuamente, termos aderido a um euro que se revelou viola demasiado complexa para as nossas unhas.
Hoje encontramo-nos com a dívida a crescer para dimensões apocalíticas. E é Francisco Louçã quem prognostica no «Le Monde Diplomatique»: Se não vencer a divida, Portugal viverá um período de desagregação impulsionada pela transferência de rendas financeiras garantidas sobre os impostos presentes e futuros, acentuando assim o projeto liberal de imposição de perdas crescentes do trabalho para o capital.
As consequências são gravíssimas: desemprego a níveis nunca atingidos, desaparecimento das classes intermédias, desespero ou medo instalado na maioria das famílias. Ainda assim a reação ainda vai sendo cordata: Nenhum povo de carne e osso teria a capacidade de, empobrecido e desesperado como está o nosso, manter a nobreza da alma que é evidenciada quando os protestos se fazem a cantar e a rir, escreve Ricardo Araújo Pereira na «Visão». Mas, Baptista Bastos alerta no «Jornal de Negócios»: Há qualquer coisa de indecente e de indigno nos tempos em que vivemos. A possibilidade de nos emanciparmos é remota, devido às circunstâncias políticas e económicas do mundo atual. Mas não é impossível a nossa libertação. O homem, quando quer, consegue tudo quanto quer. É preciso é que queira.
E há que repeti-lo: é preciso é que queira!


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