domingo, 12 de maio de 2013

LIVRO: «Une forme de vie» de Amélie Nothomb


Confesso a minha fraqueza, mas se detesto a escrita de margarida rebelo pinto ou de outras autoras da chamada literatura light portuguesa, sou muito mais complacente com a belga Amélie Nothomb no que toca ao que, em francês, se escreve.
É verdade que quero crer na superioridade incontestável da qualidade desta última em relação àquelas pespenetas, que alimentam os fantasmas eróticos das tias da Linha. Mas o umbiguismo da autora de «Une Forme de Vie» também não me aliciaria por aí além, se não viesse acompanhado de uma ironia eficiente, propiciadora de uns sorrisos compensadores.
Transformada numa verdadeira vedeta das letras francófonas, Amélie Nothomb mistura sempre ficção com a realidade. No livro acima citado, surgido nos escaparates das livrarias em 2010, tudo roda em torno da sua correspondência com um soldado americano, Melvin Mapple, apanhado nos inquietantes labirintos da guerra no Iraque, e que anseia encontrar nessa permuta epistolográfica a receita para se voltar a sentir humano.
O que há de realidade nessa história? Se é verdade, que Amélie ainda não recebeu qualquer carta oriunda de Bagdad, não deixa de ver diariamente quarenta novas cartas dos seus leitores na sua caixa do correio. E a todas procura responder. O que torna inevitável contar hoje com muitos novos amigos contraídos por essa via.
Ela não faz mais do que retomar uma prática da sua adolescência, quando a correspondência com gente da sua idade de todo o mundo, servia de forma de superar a solidão a que a votava a condição de filha de um diplomata.

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