sábado, 18 de maio de 2013

BANDA SONORA: Mendelssohn na Gulbenkian (2)


Na segunda parte do programa dedicado a Mendelssohn no concerto de quinta e sexta-feira na Gulbenkian, tivemos «Sonho de uma Noite de Verão» na sua versão mais longa, designada por opus 61, por ele estreada em Potsdam, em 1843, perante o Rei Frederico Guilherme IV da Prússia.
Para esta peça, o compositor aproveitou  a abertura, que compusera dezasseis anos antes (opus 21), juntando-lhe entreatos orquestrais, canções, danças e marchas (a celebrizada Marcha Nupcial).
A anquilosada plateia da instituição da avenida de Berna foi, assim, convidada para a visita ao mundo das fadas e dos elfos, para celebrar o amor entre três casais de apaixonados, que entre sonhos e deslumbrantes acordares, vive o inebriamento da natureza e de todas as sugestões por ela facultadas na cálida atmosfera das noites estivais.
Não se tratando de uma das mais elogiadas peças de Shakespeare, é decerto uma das mais divertidas e amadas. E por isso Mendelssohn não escapou ao seu sortilégio.
Para concretizar este projeto Lawrence Foster contou com a irrepreensível narração do ator Mervon Mehta, a beleza das vozes da soprano Ana Maria Pinto, da contralto Carolina Figueiredo e do coro da Gulbenkian, além da competência dos instrumentistas da Orquestra.
Um excelente espetáculo em contracorrente com o clima soturno dos tempos que correm. E, de facto, que bem faz celebrar o Amor, a febre dos corpos excitados e as tropelias dos que habitam o universo da fantasia, quando cá fora reinam a tristeza, a abulia e a revolta!
Mas, a exemplo da soprano - que tanto e tão bem se tem distinguido em ações contra este estado das coisas! - a fruição de um momento não invalida a consciência de se prosseguir na contestação aos monstros, que nos ameaçam...
Nota - o clip sobre essa peça refere-se a extratos de um concerto registado em Amesterdão em 1957 sob a direção de George Szell.

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